O presidente da Benfica Futebol SAD, Luís Filipe Vieira, moveu uma acção judicial contra João Vale e Azevedo e Paulo Barbosa, acusando-os de conluio para desvio de cerca de um milhão de euros resultantes de transferências de jogadores.
Fontes ligadas ao processo disseram à Agência Lusa que na acção, em instrução na 8ª Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, Luís Filipe Vieira alega ter existido uma ''maquinação'' entre o antigo presidente do Benfica e o empresário para apropriação de verbas destinadas à SAD do clube.
Uma das transferências em causa foi a do guarda-redes russo Sergei Ovchinnikov para o Alverca, em 1999, um negócio concluído por João Vale e Azevedo e que foi conduzido por Paulo Barbosa, que estava autorizado por Luís Filipe Vieira, então presidente do clube ribatejano.
Paulo Barbosa, tido como empresário próximo de Luís Filipe Veira na altura, tinha uma conta-corrente no Benfica por agenciamento prestado nas gestões de Manuel Damásio e Vale e Azevedo e a transferência de Ovchinnikov permitiria saldar as contas entre o clube e o agente FIFA.
O empresário, representante em Portugal da Salva Financial Services, era credor do Benfica no valor de 1,5 milhões de dólares (962.000 euros ao câmbio actual), pela renovação contratual de Paulo Madeira e pelas contratações de Jorge Cadete, Yuran, Mostovoi e Kulkov, entre outras.
A compra dos direitos desportivos de Ovchinnikov ao Benfica, no valor de 2,5 milhões de dólares (1,6 milhões de euros ao câmbio actual), foi realizada por Luís Filipe Vieira, através de cheques de uma conta bancária de uma empresa ''off-shore''.
Um milhão de dólares (641.000 euros) foi pago através de cheque entregue a João Vale e Azevedo, mas, como depois ficou provado em tribunal, o então presidente do Benfica não o depositou nas contas do clube, sendo por isso condenado a quatro anos e meio de prisão por peculato.
Os restantes 1,5 milhões de dólares foram entregues a Paulo Barbosa, comprovando-se o pagamento ao empresário com facturas de transferências, realizadas na sua maioria durante a presidência de Manuel Damásio e avalizadas pelo então responsável pelo futebol do Benfica, António Figueiredo.
Luís Filipe Vieira, agora presidente do Benfica, entende que o valor da venda devia ter entrado na Benfica Futebol SAD e imputou responsabilidades a Vale e Azevedo e a Paulo Barbosa pelo encontro de contas, considerando que a sociedade ''encarnada'' foi lesada.