O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, denunciou hoje ''a tentação'' do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de revogar o castigo imposto pela Liga de clubes ao FC Porto no âmbito do processo Apito Final.
Em entrevista publicada no sítio oficial do Benfica na Internet, Vieira lamentou o empenho ''excessivo'' de Gilberto Madaíl, presidente da FPF, ''em contestar o Comité de Controlo e Disciplina da UEFA'', que excluiu o FC Porto da próxima edição da Liga dos Campeões, devido à condenação pela Comissão Disciplinar da Liga de clubes.
''Estou convencido de que haverá essa tentação (do órgão de justiça federativo de revogar a pena), mas não acredito que tal venha a acontecer, uma vez que o FC Porto, como todos sabemos, não recorreu'', defendeu o presidente do clube lisboeta.
Vieira assinalou que ''o Conselho de Justiça tem muitos poderes, mas não tem o poder de 'ressuscitar' um prazo de recurso vencido'', advertindo Madaíl: ''Se da pressão do presidente da federação resultar o branqueamento dos comportamentos já provados e sancionados, o presidente da FPF só terá um caminho a seguir: a demissão''.
''Senti-o demasiado empenhado em contestar o Comité de Controlo e Disciplina da UEFA, o que não deixa de ser curioso, sendo ele membro do Comité Executivo da UEFA. Ou seja, descredibiliza um órgão que deveria merecer a sua confiança'', criticou o presidente do Benfica.
Vieira acusou Madaíl de permissividade na sequência da demissão de Herculano Lima do cargo de presidente do Conselho de Justiça, razão pela qual será ''este órgão, descredibilizado e em risco de perder o quórum após várias demissões, que, envergonhada e rapidamente'', pode ''pôr em causa o trabalho levado a cabo por uma Comissão Disciplinar ao longo de vários meses''.
Para Vieira, ''a imagem do futebol português defende-se punindo exemplarmente quem viola as regras e põe em causa a verdade desportiva'', considerando que a eventual presença na Liga dos Campeões ''não foi um direito conquistado pelo Benfica fora de campo, mas sim um direito perdido pelo FC Porto por tentar ganhar fora de campo''.
O presidente do Benfica lamentou ''que a defesa de algumas pessoas'' esteja ''alicerçada na não admissão da prova em vez de estar fundamentada na contestação da prova'', em referência à ''preocupação'' de evitar que as escutas telefónicas sejam admitidas como meio de prova.
''Não quero acreditar, porém, que o Ministério Público e os tribunais sejam irresponsáveis ao ponto de usar meios de prova inválidos'', notou Vieira, denunciando que, ''se a investigação tivesse abrangido anos anteriores, a dimensão dos 'apitos' seria bastante maior''.
Quarta-feira, a Comissão de Controlo e Disciplina da UEFA decidiu-se pela ''não admissão do FC Porto na Liga dos Campeões de 2008/2009, após analisar matéria envolvendo alegado suborno a árbitros da Liga portuguesa em 2003/2004''.
Em causa está a recente condenação do tricampeão nacional pela Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, devido a dois actos de tentativa de corrupção de árbitros.
Caso a pena do FC Porto, que já anunciou a intenção de recorrer para a Comissão de Apelo da UEFA, seja confirmada, o Benfica pode transitar da Taça UEFA para a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões.