Benfica e Vitória Guimarães foram hoje notificados a apresentar os seus argumentos sexta-feira ao Comité de Apelo da UEFA que decide o recurso do FC Porto, excluído da Liga dos Campeões 2008/09 pela Comissão de Controlo e Disciplina da UEFA.
Uma vez que ambos os clubes são parte interessada na eventual sanção aos portistas - o Benfica disputará assim a terceira pré-eliminatória, enquanto o Vitória tem acesso directo à prova -, a UEFA convidou-os a participar, ''na qualidade de parte'', no recurso interposto pelos ''dragões''.
''Tendo esta Sociedade sido chamada ao processo não pode, assim, deixar de deduzir a respectiva alegação na defesa intransigente da transparência e da verdade desportiva do futebol português, de forma a evitar que os comportamentos que comprovadamente se viveram e que já foram sancionados se voltem a repetir no futuro. Fá-lo na convicção e na defesa de princípios'', refere o Benfica em comunicado à CMVM.
Em outra nota publicada na sua página na internet, o Benfica ''exige unicamente a livre e intransigente actuação dos órgãos jurisdicionais desportivos, por só assim se respeitar quer a verdade desportiva quer o trabalho e empenho das instituições judiciárias do Estado português no sentido de erradicar a corrupção e violação da ética desportiva no futebol nacional''.
Os ''encarnados'' vão ainda mais longe e registam ''a ausência da impugnação dos factos apurados e a preocupação única de contestar, não a prova, mas sim a forma como a mesma foi obtida, bem como as desesperadas movimentações que se têm verificado nos últimos dias no sentido de desvirtuar a realidade dos factos e os efeitos de decisões hoje inatacáveis''.
A Agência Lusa contactou o presidente do Vitória de Guimarães, Emídio Macedo, que, em férias, delegou as alegações do clube ao departamento jurídico.
Por sua vez, a defesa dos ''dragões'' deve ficar a cargo do administrador da SAD Adelino Caldeira, responsável da equipa jurídica que tem delineado a estratégia do clube no processo desportivo Apito Final, que derivou do civil Apito Dourado.
O assessor jurídico da Federação Portuguesa de Futebol, João Leal, também terá sido convocado.
Em causa está a sanção aplicada pela UEFA a 04 de Junho por alegada implicação do tricampeão português em casos de corrupção de árbitros na Liga portuguesa de 2003/04.
A alínea d) do ponto 1.04 do Regulamento de Competições da ''Champions'' determina que cada clube participante ''não pode estar ou ter estado envolvido em qualquer actividade destinada a viciar ou influenciar o resultado de um jogo, a nível nacional ou internacional''.
Os 12 elementos do Júri de Apelo da UEFA vão ouvir as várias partes, mas a tradição de confirmação das decisões da Comissão de Controlo e Disciplina, bem como o pouco tempo que medeia entre a defesa e a divulgação das conclusões, fazem supor que a decisão não será alterada.
Caso não consiga revogar a decisão da UEFA, o FC Porto pode ainda recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto europeu.