O futuro europeu do FC Porto é conhecido sexta-feira quando o Júri de Apelo da UEFA deliberar sobre o seu recurso da exclusão da Liga dos Campeões de futebol 2008/09, decretada pela Comissão de Controlo e Disciplina.
O exaustivo trabalho de casa já está feito e foi entregue quarta-feira, a tempo de os elementos do órgão da UEFA analisarem mais cuidadosamente os argumentos dos ''dragões'', que vão ver Vitória de Guimarães e Benfica também esgrimir os seus argumentos.
Uma vez que ambos os clubes são parte interessada na eventual sanção aos portistas - o Benfica disputará assim a terceira pré-eliminatória, enquanto o Vitória tem acesso directo à prova -, a UEFA convidou-os a participar, ''na qualidade de parte'', no recurso interposto pelos ''dragões''.
O assessor jurídico da Federação Portuguesa de Futebol, João Leal, também foi convocado para prestar esclarecimentos durante a manhã: a decisão final deve ser conhecida ao início da tarde.
A defesa dos ''dragões'', nos últimos dias completada com advogados suíços habituados a lidar com questões da UEFA, está entregue ao administrador da SAD Adelino Caldeira, responsável da equipa jurídica que tem delineado a estratégia do clube no processo desportivo Apito Final, que derivou do civil Apito Dourado.
A estratégia do FC Porto assentará basicamente na tese de que não pode ser aplicada retroactividade a uma norma que entrou em vigor em Janeiro de 2007 e na comparação deste caso com o da Juventus que foi alvo de sanção idêntica em Itália (calciocaos), sem que lhe tenha sido imposta qualquer sanção pela UEFA.
Os tricampeões portugueses alegam ainda que, apesar de não terem apresentado recurso da decisão da Comissão Disciplinar (CD) da Liga (dedução de seis pontos por tentativa de corrupção), o acórdão não transitou em julgado.
O FC Porto argumenta que o seu presidente, supenso por dois anos pela CD como autor material de dois casos de tentativa de corrupção a árbitros, recorreu para o Conselho de Justiça da federação e uma eventual decisão favorável a Pinto da Costa pode obrigar à reapreciação do processo relativo ao clube.
A ilegalidade da utilização de escutas em processos disciplinares é o derradeiro grande argumento apresentado.
Caso não consiga revogar a decisão da UEFA, o FC Porto pode ainda recorrer para o Tribunal Arbitral do Desporto.
A confirmar-se a exclusão da Liga dos Campeões, os ''dragões'' vão sofrer importante perda de receita, resultante da participação na prova, bilheteira e apoio dos grandes patrocinadores, que dificilmente poderão manter o nível de apoio financeiro.
O plantel também ficará desvalorizado face à ausência da grande montra internacional que é a Liga ''milionária'', enquanto os principais jogadores poderão sentir maior pressão para sair, com o clube a perder margem negocial.
O rombo no prestígio internacional terá um valor incalculável, mas no plano financeiro, o FC Porto pode perder o encaixe mínimo de 8,4 milhões de euros, o que significa um quebra de 15 por cento nas receitas no orçamento estimado para a próxima época.
Sexta-feira está em causa a sanção aplicada pela UEFA a 04 de Junho por alegada implicação do tricampeão português em casos de corrupção de árbitros na Liga portuguesa de 2003/04.
A alínea d) do ponto 1.04 do Regulamento de Competições da ''Champions'' determina que cada clube participante ''não pode estar ou ter estado envolvido em qualquer actividade destinada a viciar ou influenciar o resultado de um jogo, a nível nacional ou internacional''.