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Euro 2008: A selecção que Scolari podia convocar por telefone

Ricardo Quaresma e Jorge Ribeiro são fãs de Deco, Simão Sabrosa é mulato e também acha Deco o ''melhor jogador'', Bruno Alves tem uma bandeira de Portugal à janela porque é ''obrigado''.

Euro 2008: A selecção que Scolari podia convocar por telefone

São homens que vivem em Portugal e que, para o melhor e para o pior, têm nomes iguais aos de alguns jogadores da selecção nacional de futebol, com uma excepção importante: não há nenhum segundo Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, pelo menos com idade para ter o nome numa lista telefónica.

Não têm as benesses dos jogadores da selecção, não seguem as indicações de Scolari, não têm milhões de pessoas a aplaudi-los, mas, mesmo assim, há dezenas de homens portugueses que estão fartos de ser confundidos com os jogadores que quinta-feira defrontam a Alemanha, nos quartos-de-final do Euro2008.

Joaquim Sampaio da Silva, Bruno Eduardo Alves, Jorge Oliveira Ribeiro, Ricardo Silveira Carvalho, Fernando Freitas Meira, Armando Gonçalves Teixeira, João Filipe Moutinho, Luís Carlos Cunha, Simão Pedro Sabrosa, Ricardo Quaresma e Hugo Pereira Almeida são onze portugueses, residentes em Portugal, que não jogam futebol, mas partilham o nome com os ''craques da bola'' e têm o número de telefone registado na lista telefónica.

Armando Gonçalves Teixeira vive no Porto e tem dúvidas de que o futebolista conhecido por Petit tenha um nome igual ao seu.

''Tem a certeza? É um nome tão feiinho'', desabafou Armando, que só vê um ''defeito'' em Petit: ''Jogar no Benfica''.

Num jogo a sério, ao lado de Petit estaria João Filipe Santos Moutinho. Um nome único em Portugal, mas que, curiosamente, tem um número de telemóvel revelado pelo serviço informativo da Portugal Telecom.

O jogador do Sporting atendeu o telefone, riu-se com a notícia, pediu desculpa por não poder falar e mandou ''beijinhos''.

Nani e Luís Carlos Cunha são a mesma pessoa. Contudo, o Luís Carlos Cunha contactado pela Lusa não sabia que o ''grande Nani'', ''o melhor logo a seguir ao Deco'', tinha o nome igual ao seu.

''Vai ser fixe quando disser aos meus amigos que o Nani tem o meu nome'', disse Luís Cunha que, ''por acaso'', gosta de entoar o slogan que ficou conhecido pela publicidade a operadora de comunicações móveis.

''Ando sempre a cantar 'lá vai o Nani, vai marcar um golo, vai dar um mortal, lá vai o Nani'. É mesmo fixe'', finaliza.

E Simão Sabrosa gosta de quem, na selecção? ''O Deco é o meu preferido, sem dúvida'', disse Simão Pedro Sabrosa, de Setúbal.

Um nome igual ao do avançado do Atlético de Madrid tem-lhe dado algumas alegrias, mas também provocado ''muitas confusões''.

''Eu sou angolano, sou mulato, e quando digo que me chamo Simão Sabrosa ninguém acredita. Todos acham que estou a brincar'', referiu o homem, que, apesar de não os conhecer, sabe que tem familiares paternos em Viseu.

''Deve ser daí que vem o apelido Sabrosa'', afirmou Simão.

Também Ricardo Quaresma é fã de Deco.

Com 24 anos, residente em Vila Nova de Gaia, Ricardo Quaresma, já está ''um bocadinho cheio'' de ser confundido.

''É chato'', diz Quaresma, que é adepto do ''FêCêPê'' e, apesar de gostar da forma como o seu homónimo joga, considera que ''ninguém chega aos pés do Deco''.

''Como o meu número de telefone não é confidencial, há muita gente que me liga e não acredita que eu não sou o jogador de futebol'', disse.

Em casa de Joaquim Sampaio da Silva, em Famalicão, o telefone toca e o técnico oficial de contas, ''já sem idade para jogar à bola'', ri quando lhe dizem que tem o mesmo nome que o guarda-redes do Benfica e da selecção.

''Não sou eu, não sou eu. Enganou-se no número'', disse Joaquim Sampaio da Silva, que nem sabia que Quim, que conhece ''mais do Benfica do que da selecção'', é seu homónimo.

O mesmo acontece com Bruno Alves. Vive em Vila Real de Santo António, tem 76 anos e, depois de ''muitos anos emigrado em França'', só tem uma bandeira de Portugal à janela porque a filha o ''obrigou''.

''Sou do tempo do Eusébio e não destes de agora. Não conheço ninguém, mas gosto de saber que há um jogador com o mesmo nome que eu'', referiu Bruno Alves.

Jorge Oliveira Ribeiro, de Lisboa, ''se soubesse jogar'', não se importava nada de jogar à esquerda de Bruno Alves.

O irmão de Maniche tem vários homónimos espalhados pelo país. O Jorge Ribeiro contactado pela Lusa, admitiu que já, ''por várias vezes'', lhe perguntaram se não era ''o da selecção''.

''Então no Messenger, sempre que escrevo o meu nome, lá vem a pergunta se sou o jogador de futebol'', disse o empregado de balcão que é fã do Deco.

Ricardo Silveira Carvalho é de Olhão. Nunca esteve em Inglaterra, nem em Londres, onde joga Ricardo Carvalho, mas gosta de partilhar o nome com um jogador ''com tanta classe”, como o defesa do Chelsea e da selecção.

''Quando a selecção joga mal ou perde, costumo brincar e dizer aos meu amigos que não estava inspirado para o jogo, ou que o Scolari me mandou descansar'', brincou o algarvio.

Ao lado de Ricardo Carvalho, Fernando Meira fez furor como uma das melhores duplas de centrais no Mundial de 2006.

Agora, quase sempre no banco dos suplementes, Meira sabe que é muitas vezes confundido com os outros Fernando Meira que tem na família.

''Quando o telefone toca e pedem para falar com o Fernando Meira temos sempre que perguntar qual deles'', disse à Lusa, Fernando Meira, o pai do jogador com o mesmo nome.

Com o nome herdado do bisavô, do avô e do pai, o jogador do Estugarda, na Alemanha, para desgosto da família, não continuou a tradição quando deu o nome de Edgar ao filho.

Mesmo assim, Fernando Meira pai, residente em Guimarães, não esconde o orgulho quando explica que o ''jogador da selecção'' é seu filho.

Sem ''episódios para contar'', porque não permite ''que eles aconteçam'', está Hugo Almeida.

''Tenho o mesmo nome que o jogador e o meu filho de três anos também'', afirmou o sócio do Benfica. ''São coisas que acontecem. Não há qualquer mérito nisso'', finalizou Almeida.

Difícil é encontrar homónimos de Deco, um dos mais elogiados pelos seus “companheiros” de selecção, e Pepe: os nomes Anderson Luis de Souza e Képler Laverán Lima Ferreira traem as suas origens brasileiras e tornam-nos exemplares únicos em Portugal.

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