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Da Alma Salgueirista à «ditadura» de Pimenta Machado no Vitória de Guimarães

Basílio Almeida destacou-se na I Liga no Salgueiros e no Vitória de Guimarães. Apesar de assumir que os três anos passados na «Cidade do Berço» simbolizam o ponto mais alto da carreira, os momentos de amizade, de união e de companheirismo que viveu no balneário do Salgueiros são recordados com muita nostalgia. Em termos sociais, em Guimarães era tudo completamente diferente em relação ao Salgueiros. O balneário fechado e o ambiente quase «ditatorial», na altura em que Pimenta Machado era o presidente dos vimaranenses, acabou por fazer com que este se isolasse dos colegas de equipa, acabando mais tarde por sair. As saudades falaram mais alto e o regresso ao Salgueiros acabou por se consumar, regressando à família que o deu a oportunidade de jogar ao mais alto nível em Portugal.

Da Alma Salgueirista à «ditadura» de Pimenta Machado no Vitória de Guimarães
Futebol 365

Como é que descreve a passagem pelo Salgueiros?

Foi uma passagem espetacular. Na altura o treinador era o Mário Reis. A política do clube era de apostar em jovens jogadores. Tinha um orçamento baixo, mas uma boa capacidade de observação e prospeção. Conseguiam, de uma forma ou de outra, ir descobrindo os «Basílios». Antes de chegar ao Salgueiros, eu jogava na segunda divisão, no Lourosa. Já me estavam a acompanhar. Lembro-me perfeitamente de um jogo com o União de Lamas, que tinha uma rivalidade muito grande com o Lourosa. O Mário Reis foi ver, gostou muito do meu jogo e deu logo ordens para me contratar. O Salgueiros tinha essa capacidade de recrutar jogadores de escalões secundários.
O primeiro ano até nem correu tão bem. Fiz um jogo ou outro e até estive bem, só que eram precisos jogadores mais experientes para o Salgueiros fazer um campeonato mais tranquilo. Fui emprestado ao Feirense, onde fiz uma excelente época. Regressei ao Salgueiros, fiz uma grande época e depois é que fui para o Guimarães.

Com que sentimento ficou quando viu um clube que significou tanto para si, como o Salgueiros, ser extinto?

É muito complicado. O balneário do Salgueiros era um balneário muito saudável(...). Estávamos sempre juntos, almoçávamos juntos, passávamos muito tempo nos balneários, portanto criava-se uma união muito grande. É por isso que se chamava a «Alma do Salgueiros». Quando se vê um clube desta dimensão a desmoronar-se é muito triste. O meu avô chegou a ser o sócio número três, vim a saber mais tarde.

A meio das duas passagens pelo Salgueiros, há uma passagem pelo Vitória de Guimarães. Foi o ponto mais alto da carreira?

Sim, acabou por ser o momento mais alto da minha carreira. O Guimarães naquela altura era precisamente o oposto em termos de relação de balneário, de mística e de companheirismo. Era uma equipa completamente diferente. Os jogadores tinham um nível muito elevado, como o Vítor Paneira, o Capucho(…), mas não com a mesma ligação em termos sociais. Já havia um bocadinho aquele olhar de lado e aquilo teve um impacto muito negativo para mim, porque vinha de um meio que era quase como uma família. Acabas por te isolar, por te resguardar no sentido em que ganhas os teus amigos no balneário e dás-te com aqueles. Era um balneário em que havia um grupinho aqui, um grupinho ali, os moçambicanos aqui, os portugueses ali. Não tinha nada a ver com o balneário do Salgueiros, em que, independentemente do país, dávamo-nos todos como uma família. Para mim foi a parte mais negativa. Apesar disso, o Guimarães, nessa altura, já era um clube muito grande. Tinha cinco campos de treino, complexo desportivo, condições do melhor que havia, um estádio lindíssimo. Não faltava nada. Na altura o presidente Pimenta Machado tinha uma política desportiva diferente da que o treinador queria para a equipa. O Jaime Pacheco acabou por ser despedido em segundo lugar. Depois foi para o Boavista e foi campeão. Aí o Guimarães voltou a ser aquele clube que fica em sexto e em sétimo. O presidente Pimenta Machado era espetacular, mas só ele é que sabia, era quase uma ditadura.

Mais tarde, quando estava na Segunda Liga, trabalhava com o objetivo de regressar à I Liga?

Sim. E ainda hoje tenho esse objetivo(risos). Houve um ano em que apostei muito em mim, foi das melhores épocas que fiz. Foi quando estive na Naval e subimos à I Liga. Fui claramente dos jogadores mais influentes, quase sempre dos melhores em campo, melhor marcador. Nesse ano estava convencido e dizia «eu vou regressar à I Liga e vai ser pela Naval». Só que, depois, houve mudança de treinador, vieram novos jogadores e o meu sonho de voltar acabou por cair. Mais tarde, no Santa Clara, onde fiz três anos, o objetivo manteve-se, mas também não foi possível.

De todos os jogadores com quem já jogou, há algum em especial que tenha despertado a sua atenção?

Vítor Paneira foi claramente dos melhores jogadores que eu conheci. Inteligentíssimo a jogar, com uma capacidade de decisão que era uma coisa fora do normal. A nível internacional, para as competições europeias com o Guimarães, joguei com o Gianfranco Zola e Mancini. No FC Porto tinham o Vítor Baía, o Drulovic. Todos grandes craques.

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