O antigo futebolista internacional português Paulo Sousa considera que a ‘geração de ouro’ deu “sustentabilidade” às recentes conquistas da seleção nacional, não esquecendo, contudo, o papel de Fernando Santos e Cristiano Ronaldo no sucesso luso.
“Tem sido um percurso positivo a nível de resultados. A forma como o Fernando [Santos] se apresentou como selecionador foi extraordinária, pela sua visão, mas também pela sua determinação em transmitir as suas convicções: ganhar títulos. E acabou por conseguir”, afirmou o ex-futebolista, em entrevista à Lusa.
Paulo Sousa destacou o “percurso extraordinário” e a personalidade do selecionador, que levou Portugal à conquista do Euro2016 e da Liga das Nações deste ano, considerando que o técnico “não quer ser alguém que não consegue ser, quer ser ele mesmo”.
Ainda assim, o antigo internacional luso, que integrou a equipas das ‘quinas’ que participou nos Europeus de 1996 e 2000, e no Mundial2002, não teve dúvidas em apontar o outro garante de sucesso nacional.
“Após Eusébio e Luís Figo, há jogadores que determinam esses detalhes. O Cristiano determina esses detalhes, não só no nosso país, mas por onde tem passado. Pelo que representa como jogador, mas também pela ressonância que tem no país, na equipa, nos seus treinadores”, referiu.
Sem considerar que seja um lamento, Paulo Sousa admitiu que a ausência de troféus da chamada ‘geração de ouro’, da qual fazia parte, juntamente com Figo, Rui Costa, Fernando Couto ou João Vieira Pinto, é algo que “fica escrito”, mas frisou que foi essa geração a iniciar “uma bola de neve”, com a conquista do Mundial de sub-20, em 1989.
“Acho que nós marcámos vários títulos do futebol português. Tudo aquilo que criámos naquela geração tem dado sustentabilidade para que o processo tenha variáveis, mas não termine. Foi algo que levou a acreditar que o caminho seria feito com dificuldades, mas a pensar no sucesso. Se calhar, se tivesse existido uma geração anterior à nossa, que tivesse passado por esse processo, poderíamos ter atingido [os troféus]”, sustentou.
Sousa, que encerrou a carreira de jogador em 2002, após a presença no campeonato do mundo, manifestou ainda o desejo de retribuir o que o futebol português lhe deu e assumiu que, um dia, gostaria de comandar a seleção que defendeu em 51 ocasiões.
“Jamais vou esquecer os primeiros momentos de seleção. Significa uma maior aproximação a um país, permite que possas oferecer tudo pelo teu país. Sou muito nacionalista, tenho espírito crítico e construtivo, e não me revejo em muitas coisas no futebol português, mas também tem coisas muito boas. Nunca colocarei de parte a possibilidade de poder oferecer o melhor de mim mesmo ao meu país”, adiantou.