O presidente honorário do Gil Vicente, António Fiúza, disse hoje que o clube não deve aceitar "esmolas" na indemnização que espera receber no âmbito ‘caso Mateus'.
"Não aceitamos esmolas, o caso do Gil Vicente não é o caso do Boavista, nem de longe, nem de perto, temos que ser ressarcidos com dignidade e sei que o presidente Francisco Dias também pensa assim", afirmou o antigo dirigente, em conferência de imprensa sobre a festa que prometeu organizar quando o clube regressasse à I Liga, e que vai acontecer no domingo.
Com o atual presidente ao seu lado, António Fiúza, que liderou o clube de Barcelos durante cerca de 12 anos e no período em que a equipa de futebol desceu de divisão na sequência do ‘caso Mateus', aproveitou para historiar o processo e reiterar as críticas a vários dirigentes de então, ainda que sem os nomear.
António Fiúza considerou que havia "uma estratégia montada" para prejudicar o Gil Vicente "em favor de um clube da capital, o Belenenses".
"Há 15 anos, o Gil era uma equipa de I Liga e o nosso vizinho Rio Ave era de II, hoje é uma equipa consolidada, o seu presidente, António Silva Campos, tem feito um bom trabalho e o Gil é que é de II. Estamos atrasados mais de 10 anos", disse.
O presidente honorário dos gilistas disse ter convidado para a festa alguns ex-presidentes e, dos atuais, destacou o do Benfica, Luís Filipe Vieira: "Ele está com a equipa na América, mas no domingo vai ligar-me para dar um abraço".
"Para a Liga não fiz convites porque não sou hipócrita, a maioria dos clubes votou contra, até este ano já estavam preparados para votarem outra vez a não subida do Gil e um dos votos que me surpreendeu foi o do Marítimo, porque o Gil Vicente ajudou muito o Marítimo e foi o presidente da FPF, Fernando Gomes, que pôs o ponto final a isso, mas a quem competia fazer esse comunicado era a Liga", lamentou.
A festa ocorrerá no exterior do estádio Cidade de Barcelos, a partir das 15:00 de domingo, e António Fiúza espera que, durante a tarde e a noite, passem mais de cinco mil pessoas pelo local.
"Disse que quando o Gil subisse, iria oferecer aos sócios e aos barcelenses em geral, que muito sofreram com este caso, 10 porcos e algum champanhe, mas passaram 13 anos e agora vão passar a ser 13 porcos. Foram anos muito difíceis para o clube, assisti a alguns jogos na época passada e tínhamos 200/300 pessoas, as pessoas divorciaram-se muito do clube e do futebol em geral e todos somos poucos para as recuperar", disse.
O ‘caso Mateus' remonta a 2006 quando, por queixa do Belenenses, o Gil Vicente foi despromovido administrativamente à II Liga devido à alegada utilização irregular do internacional angolano Mateus.
O clube minhoto recorreu e, em julho de 2016, foi-lhe dada razão, tendo sido decidida a sua reintegração, que este ano se consumou.