A Supertaça feminina entre o campeão Sporting de Braga e o Benfica, no domingo em Tondela, é a antecâmara de uma época de futebol feminino que se espera “mais competitiva” e “exigente”.
A entrada em cena do Benfica, campeão da II Liga e vencedor da Taça de Portugal na sua época de estreia, contribui para um maior mediatismo, num setor que a diretora da Federação Portuguesa de Futebol para o futebol feminino vê em crescimento.
“Não podemos fugir da questão, é óbvio que [a entrada de clubes 'grandes'] vai mexer com as massas, é óbvio que vai mexer com o coração, os emblemas dos clubes mexem, seja no masculino ou no feminino, traz bastante positivismo, promoção da própria modalidade, é um passo muito importante, acabamos por ter mais atenção dos media, e os clubes, que, provavelmente, não têm tantas condições e adeptos, acabam por ter mais promoção a nível regional, quando recebem um clube dessa dimensão”, reconheceu a diretora da FPF, em declarações à agência Lusa.
Mas não é só a entrada do Benfica que promete mexer com a nova época do futebol feminino ao mais alto nível, com Mónica Jorge a apontar para um campeonato “mais competitivo” e a lembrar a criação da Taça da Liga feminina, que terá esta época a edição de estreia.
“O campeonato vai-se tornar mais competitivo e mais exigente, além da Liga, foi criada a Taça da Liga, para as quatro primeiras equipas ao fim da primeira volta, o que fará que existam mais jogos, mais exigentes e competitivos também”, justificou.
Uma nova competição que se junta à Liga e à Taça de Portugal, competições ganhas no último ano pelo Sporting de Braga, no seu terceiro ano no campeonato, e pelo Benfica, com as ‘águias’ a prometerem muito no ano em que se estrearam na segunda divisão.
Com o Sporting (campeão em 2016/17 e 2017/18) e o Sporting de Braga (campeão em 2018/19) a dominarem as últimas épocas – desde que chegaram ao futebol feminino -, é previsível que no futuro também o FC Porto possa integrar a elite.
É essa a opinião de Mónica Jorge, quando questionada em relação às expectativas quanto a uma entrada, e à semelhança do Benfica, dos ‘dragões’ no futebol feminino.
“Mais tarde ou mais cedo, e tendo o FC Porto uma visão bastante aberta em relação às modalidades e à participação da paridade, penso que o caminho vai acontecer”, perspetivou a diretora da FPF.
Condição importante para cada clube que participe na Liga é a existência de pelo menos um escalão de formação e que dentro de dois anos deverá a ter a obrigatoriedade de ter duas equipas que cumpram esse pressuposto.
“Cada equipa na Liga tem que ter sempre uma equipa na formação, daqui a dois anos provavelmente duas”, explicou Mónica Jorge, acrescentando que no campeonato a ficha de jogo tem que ter oito jogadoras formadas localmente.
Com uma base de cerca de 1.000 jogadoras portuguesas seniores, num grupo alargado a 5.500 praticantes, o recurso a jogadoras estrangeiras foi necessário, com o exemplo do Benfica a ser encarado com naturalidade.
“Como é óbvio, muitas jogadoras dos quadros da seleção nacional já tinham os seus contratos definidos, as que jogam fora, as que estão ligadas ao Sporting ou ao Braga, e o Benfica teve a necessidade de ter jogadoras mais maduras, teve que ir ao mercado de fora, mas salvaguardando sempre a sua formação”, explicou a responsável da FPF.
Um cenário que obrigou as ‘encarnadas’ a investirem no mercado brasileiro, mas para Mónica Jorge a questão não gera problema, a partir do momento em que a qualidade salvaguarda a competitividade, e a própria Federação defende a formação.
“Se vierem jogadoras que acrescentem qualidade, faz com que as nossas jogadoras evoluam", disse ainda diretora da FPF, sublinhando existir "um crescimento sustentado", num momento em que "está a aparecer muito talento na formação”, o que perspetiva um futuro risonho.
A época 2019/2020 inicia-se no domingo com a Supertaça entre Sporting de Braga e Benfica, no Estádio João Cardoso (18:45), estando a primeira jornada agendada para o fim de semana de 15 e 16 de setembro.