O treinador Manuel José considera que o seu homólogo Jorge Jesus, empenhado em levar o Flamengo à conquista da Taça Libertadores e do campeonato brasileiro de futebol, “está a dois passos de alcançar a eternidade”.
“[Jorge Jesus] vai ficar na história do Flamengo, não só pelo título de campeão brasileiro, que está prestes a alcançar, ao fim de vários anos [desde 2009], mas também pela qualidade de jogo que a equipa apresenta”, disse à agência Lusa o treinador Manuel José, de 73 anos.
Treinador português com mais títulos internacionais, face aos quatro triunfos na Liga dos Campeões de África e outros tantos na Supertaça africana, pelos egípcios do Al-Ahly, Manuel José está a torcer pelo sucesso de Jorge Jesus nas duas frentes competitivas do futebol sul-americano.
“Seja em que continente for que trabalhemos, é sempre complicado chegar a uma final continental. O Jorge Jesus tem poucos meses a trabalhar no Brasil e já está na final de uma. E vai jogar contra os grandes rivais dos brasileiros, os argentinos [neste caso do River Plate]”, referiu.
O Flamengo regressa no sábado à final da Taça Libertadores, 38 anos após ter alcançado o único título na principal prova sul-americana de clubes, naquela que foi também a única presença, defrontando em Lima, no Peru, o River Plate, detentor do troféu que já ergueu por quatro vezes.
“Ganhar ao River Plate vai eternizá-lo. Acho que é o prazer máximo, para qualquer treinador, em termos de clubes, conquistar uma competição continental”, considerou Manuel José, remetendo para um plano secundário o Mundial de Clubes, “pela forte componente económica em que se encontra inserido”.
Para Manuel José, o Mundial de Clubes é uma prova que já envolve outros aspetos, do ponto de vista financeiro e de divulgação do futebol em países com menor implementação, pelo que é uma competição envolta em “mais aparato do que outra coisa”.
“Disputar a final de uma competição continental é a expressão máxima para um treinador, em termos de clubes”, acrescentou Manuel José, salvaguardando as devidas diferenças proporcionais entre as ‘Champions’ de África, Ásia e América do Sul, por exemplo, em relação à principal prova europeia.
A Liga dos Campeões Europeus, ainda de acordo com o treinador, não se pode comparar com nenhuma outra porque é na Europa que está tudo concentrado, “é onde está o poder do dinheiro” e “os grandes investidores”, e aí reside a principal diferença.
“O Brasil tem sempre sete ou oito equipas que podem ganhar o campeonato e isso é elucidativo da grandeza do seu futebol. Mas os clubes não conseguem manter os seus grandes jogadores, porque a Europa os vai buscar”, disse.
Nos restantes continentes, continuou Manuel José, “assim que desponta um jovem talento em qualquer equipa, ou campeonato, e há muitas equipas e muitos campeonatos de qualidade, este é logo encaminhado para um grande clube europeu”.
O treinador defendeu, ainda assim, que, “embora a Liga dos Campeões europeus não se possa comparar com as restantes provas, não se pode minimizar a conquista de um campeonato continental, independentemente de as equipas envolvidas terem menos condições, talento e investidores”.
Desafiado pela agência Lusa a deixar um conselho a Jorge Jesus, para a final de sábado da Taça Libertadores, Manuel José, sorriu, e disse que “não se pode dar conselhos a alguém que sabe tudo”.
“Sempre me dei bem com ele, mas ele tem aquele ego complicado, em que se julga sempre o melhor de todos e as coisas esfriaram um pouco, mas eu desejo-lhe a maior sorte do mundo e que seja campeão brasileiro e que conquiste a Taça Libertadores. Ele merece”, adiantou.
Manuel José orientou, entre outros, Benfica, Sporting, Sporting de Braga, Boavista, Belenenses, Portimonense, União de Leiria, Vitória de Guimarães e Sporting de Espinho, mas foi nos egípcios do Al-Ahly que alcançou os maiores sucessos desportivos, com um total de 20 títulos, incluindo os oito internacionais.