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Sporting: Raul José pensou que «não iriam sobreviver» ao ataque a Alcochete

O ex-treinador adjunto do Sporting Raul José disse hoje em tribunal que viveu «quatro a cinco minutos de terror» no ataque à academia de Alcochete, durante os quais pensou que «não iriam sobreviver», e relatou agressões a vários futebolistas.

Sporting: Raul José pensou que «não iriam sobreviver» ao ataque a Alcochete
Futebol 365

“Vi a chegada de um primeiro grupo de indivíduos, entre 10 a 15. Lançaram tochas, havia fumo, agrediram três, quatro jogadores. Gerou-se um clima de pânico total e de terror, em que tivemos dificuldade em perceber o que aconteceu naqueles quatro a cinco minutos de terror”, descreveu o ex-treinador adjunto da equipa liderada por Jorge Jesus, que estava no corredor de acesso ao balneário, em frente à porta que dá para o vestiário, no qual estava “90% do plantel”.

Raul José, que está a ser ouvido nona sessão do julgamento da invasão à academia 'leonina', em 15 de maio de 2018, que decorre no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, explicou ao coletivo de juízes ter visto agressões aos jogadores William Carvalho, Acuña e Battaglia, os dois últimos “alvos definidos” pelos elementos que entraram no vestiário, que lhes deram socos, estaladas e empurrões.

Segundo Raul José, Acuña ainda “ripostou, tentou defender-se”, mas eram “vários indivíduos” de volta dele.

A testemunha assumiu ser um “cenário difícil de descrever”, pois “foram minutos de distúrbio, com muito ruído”, em que “um grupo de pessoas, encapuzadas, entra no vestiário e começa a distribuir fruta por uns quantos, com paus, cintos, tochas”, acrescentando que se “tornou um clima de pânico” e que pensou “não iriam sobreviver ali”.

Raul José disse ter visto um dos elementos à “vergastada com um cinto” e que ele próprio também foi empurrado e levou com um cinto no ombro quando tentava ajudar Bas Dost, quando o jogador holandês estava deitado no corredor a deitar sangue da cabeça.

A testemunha referiu que viu ainda os jogadores Freddy Montero e Rui Patrício a serem agarrados e empurrados, sublinhando que chegaram a estar “cerca de trinta indivíduos” no interior do vestiário.

“Ninguém teve reação. Estamos numa situação em que entra uma série de pessoas sem rosto, o pânico é geral. É difícil descrever aqui o terror que vivi. Não sabíamos se tinham armas. Pareceu-me que vinham mais para o susto e aquilo fugiu-lhes do controlo, mas é só uma suposição minha, pois não vinham para conversar”, afirmou Raul José.

Em relação a Jorge Jesus, a testemunha assumiu que não assistiu às agressões ao então treinador principal, que estava no exterior da zona do balneário, mas viu “marcas de agressão”, acrescentando que Jorge Jesus “levou uns murros” e estava “ensanguentado”.

O antigo treinador adjunto de Jorge Jesus classificou este episódio de “surreal”, assegurando que “vai ficar marcado” na sua vida, apesar de o querer esquecer depois de sair hoje do Tribunal de Monsanto.

Em 15 de maio do ano passado, durante o primeiro treino da equipa de futebol do Sporting, após uma derrota na Madeira com o Marítimo, por 2-1, cerca de 40 adeptos ‘leoninos’ encapuzados invadiram a academia do clube, em Alcochete, e agrediram vários jogadores, bem como o então treinador, Jorge Jesus, e outros membros da equipa técnica.

O atual líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes ‘Mustafá’, o antigo presidente do Sporting Bruno de Carvalho e Bruno Jacinto, ex-oficial de ligação aos adeptos do clube, estão acusados, como autores morais, de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Os três arguidos respondem ainda por um crime de detenção de arma proibida agravado e ‘Mustafá’ também por um crime de tráfico de estupefacientes.

Aos arguidos que participaram diretamente no ataque à academia, o Ministério Público imputa-lhes a coautoria de 40 crimes de ameaça agravada, de 19 crimes de ofensa à integridade física qualificada e de 38 crimes de sequestro, todos estes (97 crimes) classificados como terrorismo.

Estes 41 arguidos vão responder ainda por dois crimes de dano com violência, por um crime de detenção de arma proibida agravado e por um crime de introdução em lugar vedado ao público.

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