Os membros da claque do Freamunde, clube da Divisão de Elite da Associação de Futebol do Porto, vão apresentar-se no domingo no jogo em Sobrado, envergando camisolas negras e máscaras, em protesto pela existência do aterro naquela freguesia.
O protesto foi divulgado hoje à Lusa por Gilberto Gonçalves, presidente da Assembleia Geral da Associação Jornada Principal que desde 2019 tem denunciado o “crime ambiental promovido pela Recivalongo”, empresa que, tendo em 2007 conseguido licença para tratar “inertes da indústria”, aumentou, desde então, para o “tratamento de 400 diferentes tipos de resíduos”.
A informação foi também confirmada pelo presidente da equipa visitante, Hernâni Cardoso, que deu conta da intenção da claque do clube, a “Brigata Azzuri Ultras”, de protestar, com o recurso a “faixas, camisolas negras e máscaras”.
Ainda no âmbito dos protestos contra a existência do aterro, elementos daquela associação ambientalista vão protestar no sábado, na Lipor, em Gondomar, por ocasião da visita do Ministro do Ambiente e da Ação Climática que participará na inauguração do parque fotovoltaico.
A 10 de junho de 2019, cerca de 1.200 pessoas caminharam nove quilómetros em protesto contra o aterro em Valongo onde são tratados “mais de 400 tipos de lixo, desde lamas a amianto”, prejudicando “a saúde da população”, descreveu então o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro.
Em novembro, representantes da associação Unidos pelo Fim do Aterro no Concelho de Valongo manifestaram-se junto ao Fórum Cultural de Ermesinde, para pedir ao ministro do Ambiente o encerramento do aterro de Sobrado onde denunciaram estar a ser depositado amianto.
Já em 2020, em janeiro, ficou a saber-se que a Recivalongo foi em 2019 alvo de processos de contraordenação por incumprimento em matéria de resíduos e águas residuais no aterro instaurados pela Inspeção-Geral da Agricultura, Mar, Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT).
A 03 de fevereiro, o Ministério do Ambiente anunciou a suspensão e revisão das licenças para receber resíduos orgânicos, impedir a entrada de resíduos para eliminação em aterro, aumentar o valor da taxa de gestão de resíduos, ao mesmo tempo que reconheceu a ineficácia da fiscalização.
Nesse comunicado, a tutela admitiu ainda criar um regulamento relativo ao odor, um aspeto ainda sem regulamentação.
Mais recentemente, o ministério anunciou medidas a adotar “com caráter prioritário em resposta a várias reclamações relativas a aterros de resíduos não-urbanos”.
Descontente, a associação ambientalista Jornada Principal decidiu intensificar ações junto das entidades responsáveis e autoridades de fiscalização do Ministério do Ambiente, Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional-Norte (CCDR-N) e Agência Portuguesa do Ambiente (APA), para que se intensifique a fiscalização, designadamente das águas residuais e superficiais e dos camiões que transportam os resíduos.
Nesse pacote de reivindicações foi também anunciado que iria ser pedido ao Agrupamento de Centro de Saúde (ACES) Maia-Valongo “um esclarecimento formal relativo às consequências de picadas de mosquitos e da presença de pragas de roedores e insetos relacionados com o aterro”.
Entretanto criada, a Comissão de Acompanhamento tem gerado polémica, com a associação a acusar a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) de recusar integrar elementos da associação.
Mais recentemente, o BE exigiu o fecho do aterro e o partido ecologista Os Verdes dirigiu uma pergunta ao Governo questionando sobre se conhece a dimensão do que se passa na freguesia do concelho de Valongo.