O treinador do Vitória de Guimarães admitiu hoje pela primeira vez que o corte de relações oficioso com o FC Porto implicou o não ingresso no clube minhoto de Alan, Luís Aguiar e João Paulo.
Manuel Cajuda, que perspectivava em conferência de imprensa o jogo de sábado no Estádio do Dragão, da oitava jornada da Liga de futebol, reconheceu que “as coisas não estão bem (entre os dois clubes) e houve declarações que não foram simpáticas de parte a parte”, mas disse esperar que “as coisas se possam resolver”.
Sobre uma eventual recepção mais hostil, o técnico vitoriano afirmou: “é evidente que não espero beijinhos e abraços do FC Porto. O Vitória de Guimarães defendeu os interesses dele, o FC Porto os seus”, mas “o mais prejudicado terei sido eu, que fiquei sem o Alan, o João Paulo e o Luís Aguiar. De um momento para o outro, deixei de contar com eles”, assumiu pela primeira vez.
O corte de relações entre os dois clubes, nunca assumido publicamente por nenhuma parte, teve origem na participação do FC Porto na edição deste ano da Liga dos Campeões.
O Vitória de Guimarães entendeu que podia retirar dividendos do castigo aplicado a Pinto da Costa e de uma eventual suspensão do FC Porto e recorreu para o TAS no sentido de entrar directamente na competição.
Sobre o jogo de sábado, e à semelhança de Jesualdo Ferreira, Manuel Cajuda disse ser um jogo decisivo também para o Vitória” contra “uma excelente equipa” e “um clube extraordinário”.
“Sentimo-nos honrados com o que o Jesualdo disse”, mas “dentro da filosofia que implementámos o ano passado, é um jogo para tentar ganhar”, afirmou.
Segundo Manuel Cajuda, a equipa “alimenta uma forte sensação” de que pode continuar invicta nos jogos fora. “Encaro o jogo com cuidados redobrados pela grandeza do adversário, que em nenhuma situação deixei de respeitar”, notou.
Para o técnico vitoriano, o adversário está mais forte do que há três semanas. “O FC Porto deve ser uma lição, porque passou uma fase muito complicada, com três derrotas seguidas, mas depois viu-se a mística, a força, a confiança da equipa”.
No entanto, para Cajuda, a equipa portista “não parece estar a jogar tão bem como o ano passado, mas continua uma equipa com princípios que devem ser respeitados e até seguidos”.
Segundo o treinador Manuel Cajuda, “a grande tortura do FC Porto é que as derrotas em casa foram violentas”: “sabemos que se as coisas não começarem a correr muito bem, eles vão dizer que não têm, mas começa a aparecer o fantasma dos jogos em casa”.
O treinador abordou ainda a questão da arbitragem, tema dominante nesta semana após a polémica actuação de Bruno Paixão no Sporting-FC Porto, da Taça de Portugal.
“Não é o único mal do futebol português. Há pouca cultura desportiva em Portugal e isso depois acaba por descambar sobre os árbitros. Ainda assim, estes são muito melhores do que os de há 15, 20 anos, e o árbitro (Bruno Paixão) não foi tão mau como se diz por aí. Há jogadores a cair de mais, quando sentem um braço no pescoço caem logo, a aproveitarem-se de pequenos toques”, acusou.
No final da conferência de imprensa, Manuel Cajuda desmentiu que o seleccionador nacional, Carlos Queiroz, tenha já falado com ele, como assegurou numa entrevista televisiva, quinta-feira à noite.
“Há um treinador que disse ontem (quinta-feira) que fala com todos os treinadores da primeira divisão, mas comigo não falou... devo ser da segunda”, começou por dizer.
“Desde que é seleccionador ainda não falou, porque hei-de colaborar numa mentira?”, deixou.
Manuel Cajuda garantiu, no entanto, “apoio incondicional” à tarefa de Queiroz, a qualificação para o Mundial de 2010, que acredita “estar muito difícil”: “É possível, tem uma selecção maravilhosa, mas vai ser muito difícil”, reiterou.