O presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Pedro Proença, exigiu hoje respeito ao primeiro-ministro, depois de na véspera António Costa ter dito que o futebol «é um mundo à parte».
Na segunda-feira, António Costa disse, em entrevista à SIC, que "o futebol profissional é um mundo à parte" e que este não era "uma das prioridades sociais" durante a pandemia de Covid-19.
Dizendo perceber que se está a atravessar "um momento de grande complexidade" em que a prioridade é "dar atenção ao recuperar da saúde das pessoas", Proença considerou "inadequadas e inapropriadas" as declarações do primeiro-ministro.
"O futebol não pode ser considerado um mundo à parte, o futebol não é um mundo à parte. O futebol é hoje uma indústria e tem de ser tratado como o turismo, como a indústria, como a distribuição e também como a cultura", disse Proença, em declarações à SportTV+.
Proença lembrou que "o futebol representa mais de 136 milhões de euros (ME) em impostos, mais de 2.500 postos de trabalho diretos", e que contribui "com mais de 0,3% do PIB, são mais de 800 ME em volume de negócios".
"Somos dos que vamos conseguindo implementar alguma marca [de Portugal] em termos internacionais, com Cristiano Ronaldo, Figo, o saudoso Eusébio, Mourinho, Villas Boas. O futebol exige respeito. É uma indústria que tem números únicos, queremos ser respeitados. O futebol não fez qualquer tipo de exigência, queremos só ser equiparados a outras indústrias", referiu.
O presidente da LPFP, que revelou ter pedido uma reunião com caráter de urgência a António Costa em janeiro, diz que as declarações do governante só podem ser justificadas com "o desconhecimento destes números".
"Percebemos que este é um momento em que existem outras prioridades. Não admitimos e, em tempo nenhum, podemos aceitar que o Governo diga que futebol vive num mundo à parte", referiu.
O coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 infetou mais de 180 mil pessoas, das quais mais de 7.000 morreram. Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 75 mil recuperaram da doença.
O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 145 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.
Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia, com mais 67 mil infetados e pelo menos 2.684 mortos, o que levou vários países a adotarem medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal há 448 pessoas infetadas, segundo o mais recente boletim diário da Direção-Geral da Saúde, mais 117 do que na segunda-feira, dia em que se registou a primeira morte no país.