O presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) denunciou hoje que dezenas de estivadores voltaram a ser impedidos «pelas empresas» de entrar no porto de Lisboa, apesar da requisição civil decretada pelo Governo.
"Os trabalhadores estão a ser impedidos de entrarem nos terminais do porto de Lisboa para trabalharem. Nós chamámos a Polícia Marítima. Há aqui uma situação de 'lock out'", disse à Lusa o presidente SEAL.
António Mariano recordou que a resposta do Governo face à greve foi a requisição civil, apesar de os trabalhadores estarem a cumprir os serviços mínimos desde o início da paralisação, sublinhando que apesar da iniciativa do Governo as empresas não permitem a entrada dos estivadores.
"Há uma requisição civil por parte do Governo. Estão a acusar os trabalhadores de se recusarem a trabalhar e de não cumprirem os serviços mínimos, mas desde o início da greve que o sindicato escala todos os trabalhadores para os serviços mínimos para os quais são requisitados e desde terça-feira que assistimos a esta situação", frisa.
Para o presidente do SEAL a situação é inaceitável porque face à ordem do Governo "na prática" é o sindicato que recebe as requisições para colocar os trabalhadores nos navios elaborando as escalas.
Mas, refere, "neste momento" metade dos estivadores do porto de Lisboa estão a ser impedidos de trabalhar.
"Alguém terá de explicar como é que no meio de uma pandemia (Covid-19) se consegue criar aqui uma situação que para nós é uma 'mistificação´ de um supostamente incumprimento de serviços mínimos quando o que temos aqui é claramente um ´lock out' por parte das empresas", acusa.
"A questão é que as empresas que pretendem levar à insolvência abriram companhias paralelas ao lado e aqui reside a questão do despedimento encapotado. Pode ser isto a que estamos a assistir. Não há tentativa de despedimento de 54 pessoas mas sim de todos os estivadores da empresa de trabalho portuário de Lisboa", disse ainda António Mariano.
O SEAL tenciona emitir ainda hoje um comunicado dirigido ao Governo sobre a situação que se vive no porto de Lisboa.
Para o sindicato, a greve mantém-se inalterada estando a registar-se atrasos nos pagamentos dos salários e verificando-se o incumprimento do acordo de 2018 estando também em cima da mesa a insolvência da A-ETPL, Associação-Empresa de Trabalho Portuário de Lisboa.