A diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) para África disse hoje que a pandemia de Covid-19 está a ter uma «evolução extremamente rápida» no continente, numa altura em que crescem os receios de uma nova frente alarmante da doença.
“Há 10 dias tínhamos cinco países” com infeções pelo novo coronavírus, disse Matshidiso Moeti, sendo agora 34 países com mais de 650 casos registados.
O primeiro caso na África Subsaariana foi anunciado a 28 de fevereiro.
“É uma evolução extremamente rápida”, sublinhou.
Matshidiso Moeti falava aos jornalistas durante um briefing “online” conjunto com o Fórum Económico Mundial e em que participaram representantes da OMS do Senegal e da África do Sul, um dos principais países afetados.
A responsável da agência da Nações Unidas para a saúde disse não acreditar que existam muitas pessoas infetadas sem serem diagnosticadas no continente, no entanto admitiu que a escassez de testes é um desafio.
De acordo com o Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças (CDC) da União Africana, 43 dos 55 Estados da organização têm agora capacidade para a realização de testes, comparado com os dois países com esta capacidade quando o surto começou.
Matshidiso Moeti manifestou igualmente preocupação com as restrições às viagens e seu impacto na capacidade de fornecimento dos bens, medicamentos e equipamentos necessários.
“A OMS está a considerar a abertura de corredores humanitários”, disse.
Hoje mais países africanos anunciaram o fecho de fronteiras numa altura em que aumentam os receios de que a transmissão local possa tornar o continente de 1,3 mil milhões de pessoas numa nova e alarmante frente da pandemia.
O Senegal fechou o seu espaço aéreo, enquanto Angola e os Camarões encerraram as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas.
O Ruanda suspendeu os voos comerciais durante um mês e as Maurícias fecharam as fronteiras após o anúncio do primeiro caso.
Na África do Sul, onde os casos passaram hoje de 116 para 150 foram aprovadas restrições para os locais de venda de bebidas.
O país anunciou também a reparação e extensão de uma vedação na sua fronteira com o Zimbabué, numa tentativa de impedir a propagação do novo coronavírus.
O Chade anunciou o seu primeiro caso e a Mauritânia impôs o recolher obrigatório entre as 20:00 e as 06:00 horas e fechou cafés e restaurantes.
A Nigéria, o país mais populoso de África, decidiu fechar as escolas e todos os eventos religiosos serão restringidos em Lagos, metrópole com mais de 20 milhões de habitantes.
Apesar da pressão das populações para a realização de testes, o diretor do CDC África John Nkengasong, alertou hoje que o simples facto de fazer o teste não deve deixar ninguém descansado.
“Se for testado hoje não quer dizer que não seja infetado amanhã”, disse.