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Covid-19: Silêncio e apreensão nas agora desertas praias de Cabo Verde

Num país que vive do turismo, as praias cabo-verdianas estão hoje desertas com a população a cumprir a proibição balnear decretada como prevenção à pandemia de Covid-19, mesmo que para muitos o que esteja a acontecer seja um «descalabro».

Covid-19: Silêncio e apreensão nas agora desertas praias de Cabo Verde
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Ainda há poucos dias repleta de turistas estrangeiros e cabo-verdianos a banhos de água tépida e sol, na praia de Quebra Canela, em plena cidade da Praia, reina hoje o silêncio, por entre torres de vigia dos nadadores-salvadores igualmente vazias.

“Isto vai ser um descalabro. Está a dar cabo de tudo”, conta à Lusa António, um cabo-verdiano que resolveu dar um passeio na marginal, mostrando-se desolado com o cenário que observa na praia e nos restaurantes e bares de apoio vazios.

“Não estou de acordo com nada disto”, atira, antes de prosseguir a caminhada, inconformado.

Segue caminho e é o único que se avista em vários metros, naquele que devia ser o habitual movimentado início de tarde de domingo junto à marginal, na Praia. Um silêncio apenas momentaneamente quebrado pelos altifalantes de uma viatura que circula com apelos ao recolhimento da população.

Cabo Verde já regista três casos da covid-19, provocada por um novo coronavírus, mas todos localizados na ilha da Boa Vista, que está de quarentena. Para impedir o alastramento da pandemia às várias ilhas, o Governo aprovou um plano de contingência com várias restrições, como a interdição das praias.

De acordo com o Instituto Marítimo Portuário (IMP), a interdição durará enquanto se mantiver a situação de contingência, pelo que fica “expressamente interdita a frequência das praias balneares de todo o país".

“Acho que faz sentido, isto pode ser muito perigoso. Estou de acordo com as medidas, apesar de tudo o que pode acontecer depois disto passar”, admite Pedro João, que a Lusa encontrou também a passear junto à Quebra Canela.

O cenário repete-se a algumas centenas de metros, no areal também totalmente deserto da Prainha, outras das mais frequentadas praias da cidade.

João é segurança nas redondezas daquela praia e ainda não acredita no que vê em pleno domingo: “É um descalabro para o negócio. Antes a praia estava cheia, agora, como se vê, não está mesmo ninguém”.

Ainda assim, desabafa: “É única forma de evitar o problema e felizmente as pessoas estão a acatar as decisões”.

E um problema é o que já vivem os vários jovens que, junto aos hotéis da Prainha, ganhavam alguns escudos a levar os carros, nomeadamente, de quem ia à praia ao fim de semana.

“Está a ser um descalabro para os negócios porque não vem ninguém. Vamos viver de quê?”, atira Luís António, em conversa com a Lusa junto à praia.

Cabo Verde está dependente das receitas do turismo, com mais de 750 mil turistas anuais e um crescimento económico anual que tem ficado acima dos 5%, mas já se prepara para o cenário recessivo, devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus.

Além disso, o país está fechado a voos internacionais, para desembarque de passageiros, para evitar a propagação da pandemia, entre várias outras medidas de isolamento.

A covid-19 já causou pelo menos 13.444 mortos no mundo desde que apareceu em dezembro, segundo um novo balanço, que dá conta ainda de mais de 308.130 casos de infeção oficialmente diagnosticados em 170 países e territórios desde o início da epidemia.

Em África, há mais de 1.100 casos em 40 países e territórios, com registos de 38 mortes, segundo os dados mais recentes.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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