Até cinco por cento dos fundos destinados ao combate à sida, tuberculose e malária vão poder ser usados para responder à pandemia de Covid-19, anunciou o Fundo Global, adiantando que 11 países já aderiram a essa possibilidade.
O Fundo Global para a luta contra a sida, tuberculose e malária aprovou novas regras para o uso de fundos, abrindo a possibilidade aos países beneficiários de usarem até 5% dos financiamentos já concedidos para “mitigar as potenciais consequências da pandemia de covid-19”.
“Seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Fundo Global encoraja fortemente os países a tomarem medidas imediatas para mitigar as potenciais consequências negativas da covid-19”, nomeadamente nos programas já existentes e financiados pelo Fundo Global, adiantou a organização.
O Fundo Global sustenta que deve ser dada especial atenção à proteção dos trabalhadores do setor da saúde, à comunicação com as comunidades afetadas, à manutenção dos serviços essenciais e das cadeias de abastecimento, à desinfeção de locais e à gestão dos resíduos.
"O Fundo Global foi criado em resposta à última grande pandemia que atingiu a humanidade: o HIV e sida. Com a pandemia da covid-19, sabemos muito bem o que está em jogo em termos de vidas e comunidades", disse o diretor executivo do Fundo Global, Peter Sands.
"É absolutamente crítico que os países respondam rapidamente à ameaça da covid-19, tanto para conter a propagação do vírus, como para assegurar a continuidade desses programas", acrescentou.
Para Peter Sands, tal como com a sida, tuberculose e malária, o risco é que a covid-19 venha a “afetar sobretudo os mais pobres, marginalizados e mais vulneráveis”.
Avaliação do grau de preparação da resposta a epidemias, testes laboratoriais, transporte de amostras, uso de infraestruturas de vigilância, controlo de infeções em instalações de saúde e campanhas de informação são algumas das medidas para as quais os referidos fundos podem ser redirecionados.
O redirecionamento dos fundos tem de ser aprovado pelo Fundo Global e atualmente 11 países já estão a usar essa possibilidade: Bielorrússia, Eritreia, Geórgia, Índia, Quirguistão, Madagáscar, Maláui, Malásia, Moldova, Mianmar e Ruanda.
O Fundo Global lembrou, neste contexto, que a experiência da epidemia de Ébola de 2015, na África Ocidental, revelou que se os efeitos da pandemia não forem mitigados haverá mais mortes causadas por doenças já existentes, como a malária, do que provocadas pela nova doença.
O Fundo Global é uma parceria entre governos, sociedade civil e setor privado concebida para lutar contra a sida, tuberculose e malária, mobilizando anualmente 4 mil milhões de dólares para apoiar programas em mais de 100 países.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália a ser o país do mundo com maior número de vítimas mortais, com 5.476 mortos em 59.138 casos.
O continente africano regista pelo menos 40 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 1.250 casos em 43 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia da covid-19.