A agência de notação financeira Moody’s colocou hoje Angola entre os países mais vulneráveis à queda do petróleo, juntamente com Omã, Bahrein e Iraque, alertando para a limitada capacidade de ajustamento a um choque externo.
“A vulnerabilidade à queda dos preços do petróleo vai criar divergência na qualidade de crédito”, alertam os analistas numa nota sobre o impacto da queda do petróleo nos países exportadores deste matéria-prima.
No relatório, enviado aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas da Moody’s escrevem que “os preços baixos do petróleo são negativos do pontos de vista do crédito para os países exportadores, em particular Omã, Bahrein, Iraque e Angola, onde a capacidade de ajustamento a um choque profundo, ainda que temporário, é limitada”.
A maioria destes produtores, acrescentam, “têm elevadas vulnerabilidades externas aos preços baixos e vão enfrentar maiores riscos de liquidez”.
Na nota, a Moody’s lembra que o preço do petróleo caiu 60% nas últimas semanas, estando hoje a transacionar nos 25 dólares, muito abaixo dos 55 dólares por barril previstos no Orçamento Geral do Estado de Angola para este ano.
“Assumimos agora que o preço do petróleo ficará entre os 40 e os 45 dólares por barril este ano e entre 50 e 55 em 2021, o que é cerca de 30% e 15% abaixo da nossa previsão anterior”, escreve a Moody’s.
Para os países com taxas de câmbio flexíveis, como é o caso de Angola, “uma depreciação da moeda pode mitigar o choque nas receitas quando são convertidas em moeda local, mas isto aconteceria à custa de um aumento no rácio da dívida sobre o PIB devido ao efeito de valorização”, alerta a agência de ‘rating’.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que no final do ano passado Angola já tinha ultrapassado a barreira dos 100% do PIB em termos de dívida pública, devido também a uma desvalorização do kwanza no final do ano passado e novamente nas últimas semanas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 360 mil pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.