O BE defendeu hoje apoios mais robustos à economia para enfrentar a crise desencadeada pela pandemia de covid-19, considerando que as medidas apresentadas são tímidas, e exigiu respostas urgentes às populações e às micro e pequenas empresas.
"A resposta à crise pandémica exige tanto medidas sanitárias como medidas económicas e de proteção social e terá de ser equacionada a três tempos: respostas imediatas, respostas para um período longo de contenção e respostas para recuperação pós surto pandémico", antecipou o BE, na resolução, hoje divulgada, da Comissão Política do partido, que se reuniu por videoconferência.
O partido liderado por Catarina Martins lamentou ainda não haver "qualquer sinal consistente" de que a covid-19 possa ser o momento de "uma mudança de fundo na União Europeia", mas, pelo contrário, alerta que "as tendências de desagregação" se estão a reafirmar "perante a nova recessão que a pandemia anuncia".
Em termos económicos, os bloquistas propõem "um pacote de apoio à economia mais robusto e combinado com uma maior condicionalidade", no qual se inclui a "proibição de despedimentos, a reversão dos realizados já sob a epidemia e a prorrogação ou renovação de contratos precários".
"O plano até agora apresentado é tímido, quer em instrumentos, quer em dimensão", condenou a Comissão Política do BE, frisando que "o seu peso no PIB é três vezes menor que os apresentados em Espanha, Alemanha ou França.
Outra das críticas do BE, refere o documento, é que até ao momento, o governo liderado por António Costa não implementou "medidas urgentes de apoio às populações e às micro e pequenas empresas já em vigor noutros países europeus", como o acesso a eletricidade e a suspensão de rendas e hipotecas.
"Nem avançou com formas mais diretas de proteção da economia, como os subsídios à produção ou a nacionalização de empresas estratégicas", apontou.
Em termos europeus, o BE considerou que para além do financiamento monetário, "a emissão de dívida conjunta poderia ser um mecanismo mínimo de solidariedade que contribuiria para equiparar as condições de financiamento dos diferentes Estados-membros".
"Apesar dos apelos de governos como o português, o espanhol ou o italiano, Berlim já se apressou a descartar essa possibilidade, que apelidou de `política fantasma´", criticou.
A "fracassada reunião do Eurogrupo" de terça-feira, na perspetiva dos bloquistas, "foi incapaz de produzir sequer um comunicado", limitando-se a apontar no sentido da opção alemã por empréstimos aos estado outorgados pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade.
O BE prometeu manter-se "interveniente, vigilante e solidário" e, apesar de ter suspendido a agenda de iniciativas presenciais, garante que "mantém uma atividade de acompanhamento permanente da situação e converte a sua atividade pública, sempre que possível, para a esfera online".
"É de particular importância o desenvolvimento da plataforma de recolha de denúncias e divulgação de informação Despedimentos.pt, que o Bloco acaba de lançar publicamente", sublinhou.
De acordo com a análise política dos bloquistas, "a contenção da doença tem três obstáculos fundamentais", sendo primeiro "o negacionismo de governos nacionais face à pandemia", dando os exemplos da China, Estados Unidos da América, Reino Unido e Brasil.
"Em segundo lugar, a globalização económica - que facilitou a rápida propagação da doença sem correspondência de instrumentos de cooperação multilateral - dificulta a implementação de medidas de contenção", enumera.
O facto de a contenção da pandemia exigir "medidas de paralisação da atividade em vários países por períodos longos que resultarão em agravada crise social e económica" é o terceiro obstáculo elencado.
Em Portugal, o número de mortes associadas ao vírus que provoca a covid-19 subiu hoje para 43 em Portugal, revelou hoje a Direção-Geral da Saúde (DGS), num boletim que regista 2.995 casos de infeção.