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Covid-19: Angola sem registo de procura elevada de cloroquina

As autoridades sanitárias angolanas ainda não verificaram uma procura desenfreada pela cloroquina nas farmácias do país, há algum tempo em desuso no país, e que está a ser usada em alguns países no tratamento da covid-19.

Covid-19: Angola sem registo de procura elevada de cloroquina
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A informação foi hoje avançada à agência Lusa pela médica infeciologista angolana Maria das Dores Mateta, instada a comentar o uso da cloroquina no tratamento ao novo coronavírus, pandemia que já causou dois mortos em Angola de um total de sete casos positivos.

Segundo Maria das Dores Mateta, a covid-19, causada pelo novo coronavírus, é uma doença que não tem tratamento nem um medicamento específico, mas o que vem acontecendo é o uso de vários fármacos já usados para outras patologias, como é o caso de antirretrovirais para o HIV, um antiviral usado para o Ébola e a cloroquina, um medicamento antimalárico.

“Mas não há nada ainda comprovado cientificamente que cure a covid-19. Hoje houve uma informação de que a chefe da unidade de emergência da Organização Mundial da Saúde [OMS] vai reunir-se com vários especialistas de vários países do mundo para fazerem um estudo sobre estas drogas”, referiu.

Nesse sentido, avançou a médica especialista em HIV, Angola vai esperar pelos resultados dessa pesquisa da OMS.

A médica sublinhou que, apesar de várias pessoas terem usado cloroquina e terem ficado bem, continua a haver pessoas que morrem todos os dias da doença, porque na medicina não se trata a doença mas sim o doente.

“Sabemos que nós aqui já usámos a cloroquina, já há alguns anos que a cloroquina caiu em desuso aqui no nosso país, porque ela foi tão usada que depois já desenvolveu resistência”, lembrou, acrescentando que, “por outro lado, a cloroquina tem alguns efeitos colaterais indesejáveis e muitas pessoas não podem tomar”.

Maria das Dores Mateta referiu que em Angola ainda não há relato de pessoas à procura da cloroquina para a cura da covid-19, como em outros países, onde houve uma grande procura deste medicamento, o “que está a perigar muitas pessoas que precisam desse medicamento”.

Instada a comentar o uso de plantas medicinais na cura da covid-19, tendo em conta o surgimento nos últimos dias de várias propostas de tratamento apresentadas por médicos fitoterapeutas, Maria das Dores Mateta é da mesma opinião: é preciso estudos científicos que certifiquem a sua eficácia.

A médica comparou a pandemia ao início do HIV no país, quando “muita gente andou a vender ervas para curar o HIV, andaram a tomar plantas e depois aperceberam-se que não funcionava”.

“Eu sou uma pessoa que trabalho com o VIH, perdi alguns pacientes por causa disso, abandonaram a medicação e correram para essas ervas. Essas ervas não têm evidência científica”, disse.

Por outro lado, prosseguiu a médica, “os medicamentos precisam de ser formulados, doseados, saber qual será a sua reação”, o que muitas vezes não se verifica no uso dessas ervas.

“Porque mesmo os compridos que nós tomamos muitos deles provêm das ervas, mas eles são processados, doseados, formulados, a quantidade que se deve tomar, com base no peso das pessoas, quem deve ou não tomar determinado fármaco, tudo isso é ciência e as pessoas quando tomam essas folhas tomam numa quantidade que às vezes ultrapassa o limite, que pode provocar intoxicação medicamentosa”, referiu.

A especialista recordou que a covid-19, se trata de uma doença nova e “o mundo não está preparado nem para atender as pessoas nos hospitais nem para alguém dizer que essa folha cura”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 803 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 40 mil.

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