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Sindicato avisa que «não há volta a dar» na regularização salarial

O pagamento dos salários em atraso dos plantéis principal e sub-23 do Desportivo das Aves ficou sem ponto de retorno, alertou hoje o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), em declarações à Lusa.

Sindicato avisa que «não há volta a dar» na regularização salarial
Futebol 365

“É o nome da SAD do Aves e da competição que está em jogo e não há volta a dar. Criámos os mecanismos de licenciamento para este efeito e achamos até que os 15 dias de benevolência dados após verificação do incumprimento no controlo financeiro são excessivos e um prémio para o infrator”, observou Joaquim Evangelista.

A Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) informou em 18 de março ter notificado seis sociedades, duas de clubes da I Liga e quatro da II Liga, para demonstrarem o cumprimento salarial dos últimos três meses no prazo de 15 dias.

Desse lote faz parte o Desportivo das Aves, cuja administração liderada pelo chinês Wei Zhao tinha falhado a liquidação de janeiro e fevereiro à maioria do plantel principal, último classificado da I Liga, e à equipa sub-23, quinta colocada da fase final da Liga Revelação.

“Não há mesmo motivo para que não sejam regularizados os salários vencidos nem adianta continuar a usar-se a covid-19 como desculpa. Já todos sabemos que o problema é estrutural e vem da gestão desportiva feita nesta SAD desde a época anterior. Se não for resolvido exigiremos tolerância zero”, assegurou.

Caso as verbas não sejam viabilizadas até hoje pela sociedade nortenha, Joaquim Evangelista mostra-se convicto em acionar “todas as sanções previstas” para proteger um “grupo de profissionais duplamente penalizado”.

“Os jogadores deixarão em definitivo de acreditar que manter esta situação laboral é viável e estarão aconselhados juridicamente para exercerem os seus direitos em tempo oportuno. Neste momento especial que vivemos, como é que alguém nestas condições pode sequer pensar em restrições ao seu direito ao salário?”, questionou.

Revelando que “já foram promovidas rescisões com justa causa”, embora sem detalhar pormenores, o presidente do SJPF diz ainda ter testemunhado “por intermédio do plantel” funcionários do emblema do concelho de Santo Tirso “em dificuldades”.

“Alguns foram dispensados ou ameaçados com a dispensa ao longo deste processo de incumprimento. Não podemos continuar a aceitar que clubes a viver acima das suas possibilidades pratiquem atos de gestão ruinosa e comportem-se como se nada fosse após terem tratado os seus trabalhadores desta maneira”, criticou.

O Desportivo das Aves justificou os atrasos com a paralisação da atividade económica na China, motivada pela pandemia da covid-19, detetada em dezembro em Wuhan, mas o dirigente sindical considera que a LPFP “não pode compactuar com esta vergonha”.

“É uma razão desleal e cobarde e um atestado de estupidez passado a quem fiscaliza. Pior do que não ter capacidade para cumprir é não ter a humildade de reconhecer a verdade e procurar soluções justas e iguais para todos. A covid-19 é uma oportunidade para decidirmos que futebol queremos quando voltarmos à normalidade”, notou.

Após 24 jornadas, a formação comandada por Nuno Manta Santos ocupa a 18.ª e última posição da I Liga, com 13 pontos, nove abaixo da ‘linha de água’, e podem perder dois a cinco pontos caso o atraso salarial não seja corrigido até hoje.

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