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Covid-19: OMS reconhece «enorme lacuna» de ventiladores em África

A diretora regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS), Matshidiso Moeti, disse hoje desconhecer o número exato de ventiladores existentes nos países africanos, adiantando que a única certeza é que há uma «enorme lacuna».

Covid-19: OMS reconhece «enorme lacuna» de ventiladores em África
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“Estamos a tentar recolher essa informação com os colegas que estão nos países. O que sabemos, sem dúvida, é que existe uma enorme lacuna no número de ventiladores em cada país”, disse.

Matshidiso Moeti, que falava aos jornalistas por videoconferência a partir de Brazzaville, na República do Congo, lembrou que a necessidade destes dispositivos médicos ocorre num contexto global de escassez e que o fecho de fronteiras e a suspensão de voos “dificultará em muito o transporte de ventiladores” para os países no caso de se conseguirem arranjar.

Também presente na conferência, o diretor para África do departamento de Emergências Regionais da OMS, Zabulon Yoti, estimou que apenas uma pequena percentagem de pessoas infetadas necessitará de ventiladores e que cerca de 15% deverão precisar de cuidados intensivos.

Ainda assim, o número de ventiladores em África é reconhecidamente insuficiente, com países como a República Centro-Africana a declararem ter apenas três para todo o seu território.

Matshidiso Moeti indicou ainda que a disponibilidades de testes para detetar o novo coronavírus representa um “verdadeiro desafio”, apesar de doações que têm estado a chegar da China.

“Estamos a trabalhar com os parceiros e com a sede para ir buscá-los onde quer que seja”, afirmou.

Os responsáveis da OMS apelaram, por isso, para a solidariedade entre países e continentes, numa altura em que mesmo os Estados mais ricos se deparam com falta de equipamentos médicos e de proteção, como máscaras ou ventiladores.

Com cada vez mais países a impor medidas de isolamento social, quarentena ou recolher obrigatório, a responsável da OMS mostrou-se preocupada com os milhões de pessoas que precisam de sair diariamente de casa para conseguir dinheiro para comer.

“É um grande desafio”, disse Matshidiso Moeti, sublinhando que a aplicação em África de medidas adotadas na Europa e nos Estados Unidos da América, por exemplo, deve ser “cuidadosamente ponderada” para não impor “sofrimento desnecessário às populações”.

“Os países estão a fazer o que podem para conseguir o distanciamento social, sobretudo em sítios onde a pandemia ainda está no início, mas o distanciamento físico nos agregados [africanos] não é fácil”, salientou.

Numa altura em que o continente regista mais de 6 mil infeções de covid-19 e contabiliza 221 mortes, os especialistas em saúde procuram perceber se a juventude da população africana – 70% tem menos de 30 anos – representa uma vantagem na prevenção da doença ou se os problemas generalizados de subnutrição, HIV, tuberculose e malária afetarão a capacidade dos doentes lutarem contra a infeção.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 180.000 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a OMS a declarar uma situação de pandemia.

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