A ministra da Agricultura da Guiné-Bissau recomendou hoje a distribuição de sementes e a aquisição do caju com o apoio internacional para mitigar a fome no país no âmbito do combate à covid-19.
Numa mensagem publicada na rede social Facebook, Nelvina Barreto salienta que 70% dos 1,8 milhões de habitantes do país vive nas zonas rurais e depende da agricultura de subsistência, nomeadamente do cultivo de arroz e caju.
O arroz é a base alimentar dos guineenses e a Guiné-Bissau não produz em quantidade para garantir a procura interna.
Mais de 80% da população do país depende da campanha de comercialização de caju para comprar comida, vestuário e outros bens durante o ano.
Tendo em conta o cenário económico mundial provocado pela pandemia do novo coronavírus, Nelvina Barreto propõe que com o apoio dos parceiros internacionais se proceda a um "rápido levantamento para identificar famílias em estado de carência extrema, para organizar a transferência de dinheiro que permitirá àqueles agregados adquirir bens de primeira necessidade".
A ministra da Agricultura propõe também a distribuição de sementes de arroz, milho, amendoim e feijão e apoio com máquinas para o "cultivo de maiores extensões de terra para aumentar a capacidade de produção" e a distribuição de animais de ciclo curto para garantir o consumo de carne e servirem de fonte de rendimento.
A reabilitação de silos, "existentes em todas as regiões", para permitir armazenar as colheitas, é outra das propostas de Nelvina Barreto.
Em relação ao caju, principal produto de exportação da Guiné-Bissau e base do crescimento económico do país, a ministra da Agricultura de Aristides Gomes propõe que as organizações não-governamentais e cooperativas locais apoiem os produtores a secar e a guardar convenientemente o produto para não ganhar humidade.
Nelvina Barreto propõe também a "mobilização de recursos junto dos parceiros internacionais para adquirir a castanha de caju produzida pelas famílias, aguardando que o comércio internacional se recomponha e que possa ser vendido a um bom preço".
A ministra recomenda igualmente que sejam feitas campanhas de sensibilização em línguas nacionais sobre a "necessidade de fazer poupanças para garantir a provisão de alimentos durante pelo menos seis meses".
A Guiné-Bissau regista nove casos confirmados da covid-19, aguardando resultados de análise em relação a dezenas de casos suspeitos.
No âmbito do combate ao novo coronavírus, as autoridades no poder ma Guiné-Bissau declararam o estado de emergência, encerrando as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas, bem como outras restrições, à semelhança do que está a acontecer em vários países do mundo.
A Guiné-Bissau vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo demitido por Umaro Sissoco Embaló, o do primeiro-ministro Aristides Gomes, mantém o apoio da maioria no parlamento da Guiné-Bissau.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusou que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Depois de os ministérios terem sido ocupados, as forças de segurança estiveram em casa dos ministros de Aristides Gomes para recuperar as viaturas de Estado.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Emabaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
O Supremo Tribunal de Justiça remeteu uma posição sobre o contencioso eleitoral para quando forem ultrapassadas as circunstâncias que determinaram o estado de emergência no país.