O Ministério da Saúde brasileiro alcançou 76% de aprovação na condução da crise do novo coronavírus, mais do dobro do valor atingido pelo Presidente do país, Jair Bolsonaro, que obteve 33%, segundo uma sondagem hoje divulgada.
A sondagem, elaborada pelo Instituto Datafolha e que ouviu 1.511 pessoas por telefone desde quarta-feira até hoje, indica ainda que governadores e prefeitos do Brasil, com quem Bolsonaro tem discordado nas últimas semanas devido à adoção de medidas de isolamento social para combater a disseminação do novo coronavírus, também registaram uma avaliação superior à do Presidente.
Na sondagem anterior, feita há duas semanas, a pasta da Saúde do Brasil, liderada pelo ministro Luiz Henrique Mandetta, tinha alcançado 55% de aprovação, valor que ascendeu a 76% nos últimos dias.
Desceu de 31% para 18% o número de cidadãos que consideram o trabalho da Saúde como "regular".
Em relação ao índice de reprovação da tutela, caiu de 12% para 05%.
Já a aprovação do chefe de Estado em relação à sua conduta face à pandemia de covid-19 passou dos anteriores 35% para 33%, valor que oscilou dentro da margem de erro da sondagem, que é de três pontos percentuais.
Os números também indicam que 25% dos brasileiros acredita que as ações do Presidente foram "regulares".
Em relação à reprovação da atuação de Jair Bolsonao, essa percentagem subiu de 33% para 39%.
A sondagem do Instituto Datafolha avaliou ainda a prestação dos governadores brasileiros, que tiveram um aumento de quatro pontos percentuais face ao levantamento anterior, passando de 54% para 58% de aprovação.
A reprovação dos governos estaduais manteve-se nos 16%.
Face à prestação dos prefeitos, a aprovação foi 50%, face aos 22% registados no item de reprovação.
As disputas entre Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta têm-se intensificado nos últimos dias, com o Presidente brasileiro a criticar publicamente, na quinta-feira, a postura do seu ministro da Saúde por este apoiar o isolamento social para enfrentar o novo coronavírus, acusando-o ainda de "falta de humildade".
“Já se sabe que nós nos estamos a 'bicar' há algum tempo. (...) O Mandetta quer muito fazer valer a verdade dele. Pode ser que ele esteja certo, mas está-lhe a faltar humildade", disse Jair Bolsonaro em entrevista à rádio Jovem Pan, após ser questionado sobre o facto de o ministro da Saúde ter apoiado publicamente o isolamento social, contra o que defende o Presidente.
Após ser questionado se equacionava demitir Mandetta, Bolsonaro indicou que este não era o momento, devido ao problema que a área da Saúde enfrenta em relação ao novo coronavírus, mas frisou que qualquer um dos seus ministros pode ser afastado.
O desalinhamento entre ambos tem ganhado visibilidade, com o ministro da Saúde a reforçar, diariamente, a importância do isolamento social para travar a disseminação do vírus, enquanto o Presidente defende o contrário, chegando a sair para as ruas, para socializar com apoiantes.
O Governo brasileiro informou na quinta-feira que o Brasil tem 299 mortos e 7.910 infetados pelo novo coronavírus, naquele que foi o terceiro dia consecutivo em que o país sul-americano ultrapassa os mil casos confirmados da covid-19.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 57 mil.
Dos casos de infeção, mais de 205 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.