Moscovo alertou hoje para o impacto de uma crise económica a nível global, pedindo ao mundo que se prepare para as consequências causadas pela pandemia de covid-19 e pela queda dos preços do petróleo.
“Estamos conscientes de que a crise económica mundial, causada, entre outras coisas, pelo [novo] coronavírus, se manifestará e devemos estar preparados”, disse à televisão pública o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Peskov sublinhou que esta crise exigirá “coordenação” de políticas e medidas anticrise envolvendo “muitos países” e apontou que a medida anunciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, de prolongar as férias pagas até ao final do mês, com vista a conter a pandemia, representa um “grande fardo” para a economia nacional.
Outro aspeto referido por Peskov no que diz respeito à crise económica que diz adivinhar-se, é a queda dos preços do petróleo causada por uma guerra de preços desencadeada pela Arábia Saudita.
“Os nossos parceiros na Arábia Saudita decidiram fazer cortes sem precedentes, o que levou a um aumento também sem precedentes na extração”, disse o porta-voz da presidência russa.
Dmitri Peskov alertou que “em breve todos os depósitos de petróleo do mundo estarão cheios até a borda”, recordando que atualmente os petroleiros já não se usam para transportar petróleo bruto, mas sim bidons flutuantes.
“Isto resultará num preço absolutamente mínimo para o petróleo, o que não é lucrativo para nenhum país”, acrescentou.
Peskov recordou que a Rússia nunca defendeu o fim do acordo no âmbito da OPEP+ e que Putin mantém “negociações construtivas”, por considerar que não existe outra alternativa para estabilizar o mercado internacional de hidrocarbonetos.
A OPEP+ corresponde ao grupo que junta os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com outros produtores, como a Federação Russa.
No sábado foi anunciado que a OPEP e os seus aliados adiaram para quinta-feira a reunião prevista para segunda, sobre a queda das cotações do petróleo associadas à pandemia da covid-19.
Russos e sauditas, os dois principais produtores de petróleo, juntamente com os Estados Unidos, não concordam com a quantidade de produção a ser reduzida.
Putin disse na sexta-feira que a presidência russa está disponível para chegar a um acordo, desafiando os Estados Unidos a participarem das negociações de forma a equilibrar o mercado.
Já a Arábia Saudita, no sábado, classificou como "categoricamente falsas" as acusações de Moscovo sobre a recusa de Riade de prolongar o acordo entre os países da OPEP+ e seus aliados.