Cabo Verde registou em 2019 um crescimento económico de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o relatório das Contas Nacionais Trimestrais divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano.
Segundo o estudo do INE, Cabo Verde fechou o último trimestre de 2019 com um crescimento de 5,7% do PIB, face ao mesmo período de 2018, evolução que “resultou do maior contributo das despesas do consumo final e das exportações”.
No primeiro trimestre de 2019 o crescimento foi 5,0%, no segundo trimestre atingiu os 5,1% e no terceiro trimestre subiu para 6,9%.
“A taxa de variação acumulada dos quatro trimestres de 2019 aponta para um crescimento anual do PIB de 5,7%, em volume”, conclui o INE.
Cabo Verde registou em 2018 um crescimento económico de 4,5% do PIB.
Com o país a entrar no terceiro ano de seca, o PIB da agricultura recuperou, apesar de continuar em terreno negativo. Em 2018 caiu 23,2%, mas no ano passado a quebra, em termos homólogos, foi de 5%.
Apesar deste registo em 2019, o cenário do país mudou drasticamente e o vice-primeiro-ministro cabo-verdiano desvalorizou, no final de março, todos os indicadores nacionais anteriores, alertando para a nova realidade provocada pela pandemia de covid-19 e assumindo que o Orçamento em vigor “pifou”.
“Era tudo indicadores bons e que agora estão todos em causa. Portanto, o quadro mudou de forma radical. Agora, praticamente, o PCI [programa de assistência técnica, do FMI] já não existe, porque o Orçamento pifou. Nós, até em função daquilo que está em causa, nem sequer podemos falar hoje de um Orçamento retificativo em termos de substância”, afirmou Olavo Correia, que é também ministro das Finanças.
O Governo cabo-verdiano tem lançado várias medidas para minimizar os impactos da crise económica que já se sente no arquipélago, dependente do turismo e fechado ao exterior devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, tendo Olavo Correia assumido já a preparação de um novo Orçamento do Estado para 2020.
Em cima da mesa, segundo o governante, está um cenário de défice orçamental que dispara este ano de 2 para 10% do Produto Interno Bruto (PIB), com a correspondente “explosão” da dívida pública e uma recessão económica de 4 a 5% do PIB, contra o crescimento anual acima de 5% que se registava até agora.
O quadro, explicou, é composto ainda por, “no melhor cenário”, a duplicação do desemprego, cuja taxa poderá chegar aos 20% e a quebra de 18 mil milhões de escudos (163 milhões de euros) em receitas públicas.
“Claro que em termos legais pode ser este o conceito [Orçamento retificativo], mas em termos de substância temos de falar de um novo orçamento”, afirmou.
“Após esta crise sanitária, virá seguramente uma crise económica (…) A prioridade são as pessoas e só depois a economia”, afirmou o vice-primeiro-ministro, admitindo “consequências económicas dolorosas” no futuro para Cabo Verde.
O país tem atualmente casos de covid-19 confirmados nas ilhas da Boa Vista (4), de Santiago (2) e de São Vicente (1). Um dos casos da ilha da Boa Vista, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer.