Quase 500 militares cabo-verdianos estão a participar em operações de patrulhamento e vigilância, de forma isolada ou em conjunto com a Polícia Nacional, tendo já realizado detenções por desobediência ao estado de emergência, devido à pandemia de covid-19.
Os dados foram avançados pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA) de Cabo Verde, Anildo Morais, após reunião, esta manhã, na Praia, entre as forças de segurança e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, durante a qual foi feito um ponto de situação sobre o estado de emergência, que vigor desde 29 de março.
“As Forças Armadas continuam empenhadas em cumprir as determinações decorrentes das suas atribuições legais e apoiar todas as operações, visando o combate e a prevenção ao covid-19”, garantiu o major-general Anildo Morais.
De acordo com o CEMFA, já foram mobilizados para operações de patrulhamento, em terra e na costa, 486 militares de unidades de todo o país – para um efetivo total de cerca um milhar -, incluindo os serviços de saúde das Forças Armadas.
Os militares integram ainda as operações de controlo que a Polícia Nacional está a realizar na via pública, junto dos automobilistas, numa altura em que a circulação está limitada.
Na sua intervenção, o major-general Anildo Morais explicou que os militares no terreno, além de apoiar as forças de seguranças civis nas quarentenas em seis hotéis das ilhas de Santiago, Boa Vista e São Vicente, também estão a abordar “pessoas aglomeradas” em espaços públicos, que não respeitam o distanciamento social ou que circularam na rua, comunicando os casos à Polícia Nacional.
Além disso, explicou que os militares procederam neste período à “detenção de pessoas por desobediência”, entregando-os à Polícia Nacional, embora sem quantificar.
Cabo Verde tem atualmente casos de covid-19 confirmados nas ilhas da Boa Vista (4), de Santiago (2) e de São Vicente (1). Um dos casos da ilha da Boa Vista, um turista inglês de 62 anos, acabou por morrer.
O país entrou hoje no nono, de 20 dias, de estado de emergência, declarado para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais fechadas e todas as ligações interilhas suspensas.
O arquipélago de Cabo Verde está fechado a voos internacionais, para travar a progressão da pandemia, e com o estado de emergência decretado no domingo foram também suspensos os voos entre ilhas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 68 mil.
Dos casos de infeção, mais de 238 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.