O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recebeu hoje alta do hospital, onde estava internado há uma semana devido a um agravamento do estado de saúde após contágio com covid-19, mas não vai regressar já ao trabalho, informou um porta-voz.
“O primeiro-ministro recebeu alta do hospital para continuar a sua recuperação”, que será feita em Chequers Court, a residência de campo, a 70 quilómetros de Londres.
Boris Johnson estava internado no hospital de St. Thomas, em Londres desde 05 de abril, inicialmente “por precaução” para fazer testes devido a sintomas persistentes da doença.
Um agravamento do estado de saúde levou à passagem para uma unidade de cuidados intensivos na segunda-feira, onde passou três noites, encontrando-se desde quinta-feira numa enfermaria normal.
“A conselho da sua equipa médica, o primeiro-ministro não vai regressar imediatamente ao trabalho”, disse a mesma fonte, acrescentando que Boris Johnson agradece "a todos em St Thomas 'pelo excelente tratamento que recebeu".
Num depoimento tornado público no sábado à noite, Boris Johnson, declarou a propósito dos profissionais de saúde que o trataram: "Não posso agradecer-lhes o suficiente. Devo-lhes a minha vida".
Boris Johnson, de 55 anos, foi o primeiro líder mundial a ser diagnosticado com a doença, a 26 de março, inicialmente com sintomas ligeiros de tosse e febre, o que o levou a continuar a trabalhar durante o período de isolamento.
Foi hospitalizado a 05 de abril devido à persistência dos sintomas e recebeu oxigénio, mas, segundo os seus assessores, não necessitou de apoio respiratório por ventilador.
A ministra do Interior, Priti Patel, disse no sábado que “é vital que o primeiro-ministro fique bom” e que "ele precisa de tempo e espaço para descansar, restabelecer-se e recuperar".
Quando foi internado nos cuidados intensivos, o primeiro-ministro designou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, enquanto ministro de Estado, para o substituir na chefia do governo enquanto estivesse ausente.
O Reino Unido encontra-se em regime de confinamento desde 23 de março para tentar travar a propagação da pandemia covid-19, que já matou 9.875 pessoas no país, de acordo com o balanço de sábado, mais 917 do que no dia anterior.
Os britânicos só estão autorizados a sair para comprar bens essenciais, como comida ou medicamentos, para fazer exercício uma vez por dia, para ajudar pessoas vulneráveis ou para trabalhar quando não o possam fazer de casa.
Estão em vigor restrições ao funcionamento de bares, cafés e restaurantes, autorizados apenas a vender para fora, enquanto que outros estabelecimentos, como lojas de roupa, cinemas, teatros e ginásios, estão encerrados.
O governo britânico é acusado de ter reagido demasiado tarde no combate à pandemia, demorando a proibir eventos de grande dimensão ou a fechar escolas.
Nas últimas semanas foi criticado pela falta de capacidade para fazer de testes de diagnóstico à doença, atualmente limitados a cerca de 15.000 por dia, e pela falta de equipamento de proteção individual para os profissionais de saúde, dos quais 19 já morreram.
Na sexta-feira, o balanço diário das autoridades britânicas registou 980 óbitos de pacientes com covid-19, o maior aumento número de mortes num só dia na Europa, superando os recordes de Itália (919) e Espanha (950).