A ação e ousadia dos caçadores furtivos no Parque Nacional da Gorongosa (PNG), centro de Moçambique, aumentaram, aparentemente devido à perceção de que a fiscalização está condicionada pelo impacto do novo coronavírus, disse hoje à Lusa fonte oficial.
O administrador Pedro Muagura afirmou que nas últimas semanas têm sido vistos no PNG grupos de dois a três caçadores furtivos armados com metralhadoras AK-47, quando antes da preocupação com o novo coronavírus o normal era encontrar um caçador furtivo armado.
"Agora, os caçadores furtivos não andam sozinhos, notámos que estão mais mobilizados e ousados", frisou Pedro Muagura.
Uma outra prova de que as incursões dos caçadores furtivos estão mais atrevidas é o facto de ter sido encontrado um leão com as patas cortadas por uma armadilha, na quarta-feira passada, algo que não acontecia há mais de dois anos.
"Felizmente, o leão sobreviveu, mas é um episódio que nos deixou preocupados, porque não se via tal coisa há mais de dois anos", declarou o administrador do PNG.
Por outro lado, a frequência de confrontos entre os fiscais do parque e os caçadores furtivos aumentou, acrescentou.
"Os caçadores furtivos acreditavam que os fiscais do parque iriam abandonar a atividade, devido ao coronavírus. É normal ouvi-los dizer aos fiscais, quando são perseguidos: ‘vocês não têm medo do coronavírus?’", contou Pedro Muagura.
Os incidentes envolvendo os fiscais do parque e os caçadores furtivos subiram de uma média diária de entre cinco e seis para 10 a 12.
Na sequência do aumento da atividade dos caçadores furtivos, o PNG reforçou os meios à disposição para ações de vigilância, aumentando os carros e barcos usados na fiscalização, visando intensificar a mobilidade dos fiscais.
"Muita da atividade desenvolvida no parque está paralisada, mas a área da fiscalização está ativa, para que a caça furtiva não ganhe terreno", disse o administrador do PNG.
O número de casos registados oficialmente de infeção pelo novo coronavírus em Moçambique subiu de 20 para 21, anunciou domingo o Ministério da Saúde.
"Dos 26 casos suspeitos testados nas últimas 24 horas, 25 revelaram-se negativos para a covid-19 e um foi positivo. Portanto, temos um total de 21 casos positivos", disse Rosa Marlene, diretora nacional de Saúde Pública, na atualização de dados no Ministério da Saúde em Maputo.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu hoje para 788 com mais de 14 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia no continente.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 112 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 375 mil são considerados curados.