A Organização Internacional para as Migrações (OIM) anunciou hoje que quer reinstalar nos próximos meses cerca de 5.000 refugiados que vivem atualmente em campos sobrelotados nas ilhas gregas, reconhecendo, porém, que este número fica aquém das necessidades.
Numa videoconferência hoje realizada, o responsável pela missão da OIM na Grécia, Gianluca Rocco, explicou que a organização internacional está a preparar instalações no território continental grego que vão permitir transferir e acomodar estes milhares de refugiados.
Segundo o representante, a OIM vai instalar pequenas casas pré-fabricadas em campos de refugiados que administra na Grécia continental, mas também está a planear alugar hotéis e edifícios públicos que possam ser utilizados para acomodar pessoas.
Gianluca Rocco afirmou esperar que estas medidas estejam concluídas nos “próximos meses”.
Uma das situações que está a suscitar preocupação na Grécia, tanto a nível interno mas também a nível internacional, é a potencial propagação da doença covid-19 nos vários campos de refugiados erguidos no território continental grego e nas ilhas gregas no Mar Egeu, locais maioritariamente marcados por condições de vida muito precárias e condições sanitárias muito débeis.
A sobrelotação dos campos de processamento e de acolhimento para migrantes nas ilhas gregas no Mar Egeu (Lesbos, Chios, Samos, Kos e Leros), também conhecidos como ‘hotspots', é um grande fator de preocupação, uma vez que estes espaços acolhem atualmente cerca de 40 mil pessoas em instalações com capacidade total para apenas cerca de seis mil pessoas.
Na mesma videoconferência, o representante da OIM informou que no campo de Ritsona, localizado perto da capital grega (Atenas), a organização está a distribuir cestas alimentares pela população de refugiados, enquanto tenta resolver o problema do abastecimento de alimentos.
Este campo, administrado pela OIM, foi colocado em quarentena após o diagnóstico de cerca de 20 casos de infeção pelo novo coronavírus.
Esta não é a situação do campo de refugiados de Moria (na ilha de Lesbos), considerado o maior da Europa.
Este campo, que não é gerido pela OIM, acolhe atualmente cerca de 20 mil pessoas.
Desde o confinamento decretado pelo governo grego, em março, os movimentos das pessoas que vivem no campo de Moria estão restringidos ao local, estando estas impossibilitadas, por exemplo, de ir fazer compras de alimentos à localidade mais próxima.
O executivo prometeu instalar postos de compras e caixas de multibanco (para possibilitar o acesso à ajuda económica atribuída pelo Estado grego) nas imediações do campo.
Mas, segundo Gianluca Rocco, essas medidas ainda não avançaram e o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), que é a organização que está a gerir este assunto, ainda está em negociações com os bancos.
O representante da OIM reconheceu que não sabe como se alimentam neste momento as pessoas que vivem no campo de Moria.
Sobre o programa de recolocação de refugiados menores não acompanhados em outros países da União Europeia (UE), que arranca esta semana com a transferência de 12 menores para o Luxemburgo e de outros 50 para a Alemanha, o representante da OIM admitiu que alguns aspetos do programa devem ser clarificados.
Gianluca Rocco defendeu que é necessário que “menores de todas as nacionalidades e não apenas sírios" beneficiem deste programa, que também deve abranger aqueles que têm mais de 14 anos de idade, que "são a maioria dos menores não acompanhados".
“Se apenas pessoas de uma nacionalidade podem ser acolhidas, então é difícil alcançar o objetivo", enfatizou.
O governo da Grécia pediu aos parceiros europeus que recebessem 1.600 dos cerca de 5.200 refugiados menores não acompanhados que vivem atualmente naquele país.
A par da Alemanha e do Luxemburgo, outros países da UE ofereceram-se para acolher os menores. Foi o caso de Portugal, Bélgica, Bulgária, Croácia, Finlândia, França, Irlanda e Lituânia.
Fora da UE, a Suíça aceitou acolher, numa primeira fase, 20 menores, enquanto a Sérvia vai receber 50.
O representante da OIM afirmou ainda que há um interesse crescente entre os migrantes que vivem na Grécia para aderir aos programas de regresso voluntário para os respetivos países de origem.
No entanto, e por causa das restrições impostas pela pandemia da covid-19, em particular no tráfego aéreo, estes programas encontram-se suspensos.