O Parque Nacional da Gorongosa (PNG), Centro de Moçambique, adiou a abertura da época turística, que devia ter decorrido entre março e abril, no âmbito das medidas de prevenção ao novo coronavírus, disse hoje o administrador do espaço.
"A época turística está, por enquanto, perdida, adiamos a abertura, não temos safaris e o hotel do parque está totalmente vazio, não há lá nenhum hóspede", disse à Lusa o administrador do PNG, Pedro Muagura.
O parque, um dos maiores de vida selvagem em África, vai apenas realizar a habitual cerimónia tradicional de evocação de espíritos, mas sem turistas, sublinhou Pedro Muagura.
Por enquanto, não se tem ideia de quando é que o local vai voltar a receber turistas.
Devido à pandemia da covid-19, a segunda edição do curso de mestrado em Biologia de Conservação, que é lecionado no PNG, também foi suspenso e os 12 estudantes retirados do parque para as suas casas.
A venda de produtos agrícolas pelos produtores locais ao hotel do parque também vai parar, porque o serviço de hóspedes está paralisado.
Por outro lado, o acolhimento de cientistas internacionais do ramo da conservação está suspenso e os serviços de aluguer de avionetas e de carros que transportam turistas para o parque está parado.
"É toda uma cadeia de valor, uma economia ligada ao parque, que estão afetadas pela covid-19", acrescentou Pedro Muagura.
Sobre o impacto financeiro que a paralisação da atividade turística vai provocar no funcionamento do PNG, Pedro Muagura considerou mínimo, uma vez que o setor responde por apenas 05% do orçamento do local.
O administrador avançou que o PNG funciona anualmente com um orçamento de 13 milhões de dólares (11,9 milhões de euros) e que mais de 60% da despesa é suportada por fundos disponibilizados pelo filantropo norte-americano Greg Carr, a cuja fundação o Estado moçambicano concessionou a Gorongosa.
No âmbito das medidas de prevenção da covid-19, o PNG tem estado a distribuir detergentes e máscaras e colocado lavatórios artesanais em pontos de concentração de pessoas das comunidades que vivem na zona tampão.
A ação tem incidido principalmente em fontanários públicos, tendo sido colocados bidões de água ativados com os pés para a lavagem de mãos.
Por outro lado, o parque colocou ao serviço dos cerca de 200 mil habitantes dos seis distritos da zona tampão os médicos e enfermeiros do parque, para sessões de sensibilização e educação comunitária para a saúde virada à prevenção da covid-19.
As ações estão também a ser disseminadas pelos 300 fiscais do parque e pelos outros trabalhadores do local.
A composição dos grupos de fiscais foi alterada, como medida de reforço da prevenção da covid-19.
Com pouco mais de quatro mil quilómetros quadrados, o PNG situa-se na província de Sofala e é um dos maiores santuários de vida selvagem em África.
O local está a conhecer uma notável reposição de espécies nos últimos anos, após décadas de destruição, devido à guerra civil de 16 anos, que terminou em 1992, e à caça furtiva.
O número de casos registados oficialmente de infeção pelo novo coronavírus em Moçambique subiu de 20 para 21, anunciou domingo o Ministério da Saúde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Em África, há registo de 788 mortos num universo de mais de 14 mil casos em 52 países.