A Câmara de Energia Africana (CEA) saudou hoje o acordo alcançado pelos países produtores de petróleo para a redução da produção em 9,7 milhões de barris por dia, uma medida adotada no domingo para a estabilização do mercado.
“Após ter apelado repetidamente e feito ‘lobby’ junto dos países africanos para se juntarem à OPEP [Organização dos Países Exportadores de Petróleo] na restauração da estabilidade do mercado, a Câmara está particularmente satisfeita por ver o forte apoio à OPEP por todos os países africanos produtores”, referiu um comunicado hoje divulgado pela CEA.
No domingo, os países da OPEP aprovaram um corte de 9,7 milhões de barris por dia entre 01 de maio e 30 de junho deste ano, devendo então este corte ser reajustado para oito milhões de barris por dia até ao final do ano, numa tentativa de nivelar um mercado particularmente afetado pela pandemia de covid-19.
O acordo assume ainda que este corte será reduzido em seis milhões de barris diários entre 01 de janeiro de 2021 e o final de abril de 2022.
“O espírito de cooperação triunfou, e sob a liderança de um filho de África, Mohammed Sanusi Barkindo [o secretário-geral da organização], a OPEP alcançou um acordo histórico para o nosso continente e para o mercado global de energética”, afirmou o secretário executivo da CEA, NJ Ayuk.
O responsável da organização africana acrescentou que o acordo mostra que “em tempos de necessidade extrema”, os países podem “colocar de parte as suas diferenças e unirem-se por um acordo histórico”.
“A Câmara vai continuar a disponibilizar todos os seus recursos para apoiar este esforço coordenado da indústria além de 2022”, concluiu NJ Ayuk.
Além dos países africanos que integram a OPEP, como a Nigéria, Angola, Argélia, Líbia, Gabão, Guiné Equatorial e República do Congo, países como Egito, Sudão do Sul, Chade ou Níger são responsáveis pela produção de petróleo em África.
O corte anunciado no domingo representa um décimo do fornecimento global, segundo responsáveis do setor de vários países que participaram nas negociações, tratando-se de um acordo sem precedentes.
Devido às consequências da propagação do novo coronavírus, com o impacto na economia e a diminuição do consumo, o Comité Técnico Conjunto da OPEP tem vindo a recomendar cortes na produção de petróleo.
O objetivo do acordo é encontrar uma solução para a rápida queda nos preços do petróleo devido ao colapso da procura e à guerra de preços entre a Arábia Saudita e Rússia.
A pandemia da covid-19 desequilibrou um mercado em que a oferta global já estava excedente e agora encontra-se em proporções raramente vistas, com restrições de viagens tomadas em todos os países para impedir a propagação do novo coronavírus.
Está agendada uma nova reunião para 10 de junho, por videoconferência, "para decidir medidas adicionais, tanto quanto for necessário para equilibrar o mercado".
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.