A UE e a ONU anunciaram hoje que vão destinar um milhão de dólares (914 mil euros) do programa Spotlight para responder ao risco de violência contra mulheres no contexto da pandemia da covid-19 em Timor-Leste.
O objetivo é reforçar o compromisso de proteger e apoiar as mulheres e meninas em Timor-Leste, de acordo com um comunicado conjunto.
Nesse sentido, as missões da UE e das ONU concordaram alterar a programação do programa Spotlight, lançado este ano em Díli, para “abordar a violência contra as mulheres e as raparigas no contexto da covid-19”.
Em causa estão “políticas de apoio, ampliação do apoio às organizações da sociedade civil, aumento do envolvimento com o setor de educação e saúde e consciencialização sobre os riscos crescentes de violência contra mulheres e meninas”.
O embaixador da UE em Díli, Andrew Jacobs, afirmou que se trata de “ampliar o apoio às organizações da sociedade civil na linha de frente da resposta, garantindo que os serviços não só ficam abertos, mas também são mais acessíveis aos grupos que muitas vezes são deixados para trás”.
“Nesta crise global sem precedentes e imprevisível, a União Europeia continua empenhada em proteger e apoiar as mulheres em Timor-Leste”, referiu, no mesmo comunicado.
Também o coordenador residente da ONU em Díli, Roy Trivedy, lembrou que a resposta à violência de género “está no centro da programação sobre a resposta à covid-19”.
Ao considerar que é responsabilidade de todos agir, Trivedy disse que o apoio a Timor-Leste, através do Governo e da sociedade civil, vai continuar “a abordar a violência contra mulheres e meninas, incluindo os novos desafios que a covid-19 coloca” ao país.
“Este é um momento para Timor-Leste agir em solidariedade e transformar esta crise numa oportunidade para alcançar os Objetivos Globais. As Nações Unidas continuarão a assegurar que as pessoas a quem servimos saem mais fortes desta crise e os direitos fundamentais de todas as meninas, mulheres e pessoas mais vulneráveis são protegidos”, disse.
No atual contexto de restrições em Timor-Leste, “as mulheres correm um risco muito maior de violência doméstica do que antes, porque estão confinadas num ambiente onde o nível de stress é alto” .
“Vários fatores que podem levar a essa violência contra mulheres e meninas", principalmente aquelas que já enfrentam "barreiras nas suas comunidades, por exemplo, devido a uma deficiência ou doença”, adiantou.
“Mulheres e meninas enfrentam um risco maior de violência devido ao aumento do isolamento em casa, a restrições ao movimento fora de casa, interrupções nos meios de subsistência, fecho de escolas e as tensões que aumentam no seio das famílias”, referiu.
A prestação de assistência técnica crítica ao desenvolvimento de políticas e programas, incluindo relacionados a instalações de quarentena, no âmbito do combate à violência de género, é uma das alterações aprovadas.
Haverá ainda comunicações de risco para consciencializar sobre “o aumento do risco de violência contra mulheres e meninas no contexto da covid-19 e sobre como as comunidades podem agir para prevenir a violência”.
Será ainda dado apoio às organizações locais da sociedade civil “para garantir que mulheres e meninas possam entrar em contacto com prestadores de serviços (seja a polícia, saúde ou apoio social) e garantir que os serviços permaneçam abertos e acessíveis às pessoas mais vulneráveis”.
Vão ser ainda fomentados os laços com as escolas e os pais para promover relacionamentos saudáveis erespeitosos no novo contexto do ensino à distância.
A ONU e a UE notaram “com grande preocupação, os relatórios de aumento da violência doméstica e íntima por parceiros”, no contexto da pandemia da covid-19.
Timor-Leste registou, até ao momento, seis casos da covid-19, incluindo um já recuperado.
A pandemia da covid-19 já causou mais de 118 mil mortos e infetou quase 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.