O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Moçambique cresça 2,2% este ano, igual ao do ano passado, mas deverá ver o rácio da dívida sobre o PIB aumentar de 110% em 2019 para 125,4%.
De acordo com o relatório do FMI sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África subsaariana, Moçambique terá o terceiro maior rácio de dívida face ao PIB na região, só superado pela Eritreia e por Cabo Verde.
O crescimento económico igual ao do ano passado e o aumento da dívida pública explicam-se pelos efeitos da pandemia da covid-19 e pelo abrandamento do preço das matérias-primas, diz o FMI, que antevê que em 2021 Moçambique cresça 4,7% e que a dívida desça ligeiramente para 124,9% do PIB, mas ainda assim muito acima da média de 57% na região.
"A África subsaariana está a enfrentar uma crise económica e sanitária sem precedentes”, lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais da África subsaariana, este ano inteiramente dedicado aos efeitos da covid-19 no continente.
"O crescimento nos países exportadores de petróleos deve cair de 1,8% em 2019 para -2,8% este ano, o que revela uma queda de 5,3 pontos percentuais face ao relatório de outubro", lê-se no documento, que aponta que o maior exportador da região, a Nigéria, deverá ver a sua economia cair 3,4% devido à queda do preço do petróleo e aos efeitos das medidas de isolamento social.
A crise "ameaça afastar a região do seu caminho, revertendo os progressos encorajadores no desenvolvimento dos anos recentes", diz o FMI, alertando também que "ao ceifar um número pesado de vítimas, prejudicando a subsistência, e afetando os negócios e as contas públicas, a crise ameaça também abrandar as perspetivas de crescimento da região nos próximos anos".
Num quadro de incerteza ainda maior que o habitual, o FMI antecipa que a África subsaariana tenha um crescimento negativo de 1,6%, o maior de que há registo e 5,2 pontos percentuais abaixo das previsões de outubro, e prevê que em 2021 o continente volte ao crescimento, vendo o PIB expandir-se, em média, 4,1%.
Para o Fundo, a previsão de recessão para África subsaariana explica-se por três grandes fatores: as medidas de contenção, que prejudicam a atividade económica, os efeitos do abrandamento da economia global, também ela em recessão este ano, e a "forte queda do preço das matérias-primas, especialmente o petróleo, que magnifica os desafios em algumas das maiores economias dependentes de recursos, nomeadamente Angola e a Nigéria".
Estes choques, explica o departamento africano do Fundo, "vão interagir com as vulnerabilidades atuais, exacerbando as condições económicas e sociais de cada país".
Reconhecendo que "as medidas que os países tiveram de tomar para garantir o distanciamento social e impedir as pessoas de circular vão de certeza colocar em perigos a subsistência de inúmeras pessoas vulneráveis", que por causa das limitadas proteções sociais que existem para compensar a perda de rendimentos, "vão sofrer".
Para o setor público de muitos países, esta crise, conclui o FMI, "não podia ter vindo em pior altura".