Angola terá de cortar cerca de 18% da produção de petróleo, em média, até abril de 2022, no âmbito do acordo alcançado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), segundo cálculos feitos pela Lusa.
No domingo passado, a OPEP e os seus principais parceiros, reunidos no seio da OPEP+, acordaram um corte na produção de 9,7 milhões de barris por dia (bpd) em maio e junho, para fazer face à queda livre das cotações do barril de petróleo.
No âmbito do acordo foi também determinada uma redução de 7,7 milhões de barris entre julho e dezembro de 2020 e 5,8 milhões entre 01 de janeiro de 2021 e 30 de abril de 2022.
Segundo destes ajustamentos, que tomam como referência a produção de outubro de 2018 (com exceção de Rússia e Arábia Saudita), Angola deverá produzir nos meses de maio e junho 1.180 milhões de barris por dia (bpd), aplicando 23% de corte face à produção de 2018 (1.528 bpd), de acordo com as tabelas da OPEP.
Entre julho e dezembro de 2020, segundo o acordo, a produção de Angola sobe para 1.249 milhões de barris por dia, dado que o corte global passa de 9,7 mpb para 7,7 mpb, refletindo um ajustamento global que passa de 23% para 18%.
A previsão de produção revista para Angola para 2020 é de 1.360 milhões de barris por dia.
Entre janeiro de 2021 e abril de 2022, os cortes na produção são aliviados para 14% e Angola poderá passar a produzir 1.319 milhões de barris por dia.
Em média, a redução na produção no período entre maio de 2020 e abril de 2022 é de 18,3%.
A Agência Internacional da Energia (AIE) indicou hoje no seu relatório mensal sobre o mercado petrolífero que a procura mundial de petróleo deverá cair 9,3 milhões de barris por dia este ano devido à paralisação económica mundial gerada pela covid-19.
Esta queda "histórica" deverá conduzir o consumo mundial para o nível de 2012, de cerca de 90,6 milhões de barris por dia, prevê a agência com sede em Paris, atribuindo as causas às medidas de confinamento e à quase paralisação dos transportes em todo o mundo.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou quase 127 mil mortos e infetou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
O “Grande Confinamento” levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial vai cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.