O primeiro-ministro de Cabo Verde afirmou hoje no parlamento que o Governo é favorável ao prolongamento diferenciado do estado de emergência devido à pandemia de covid-19, como proposto pelo Presidente da República.
“Razões de natureza epidemiológica recomendam o prolongamento do estado de emergência. O parecer da comissão técnica do Ministério da Saúde recomenda o prolongamento com prazos diferenciados para as ilhas, de acordo com os casos positivos registados”, afirmou Ulisses Correia e Silva, perante os deputados.
A Assembleia Nacional de Cabo Verde está reunida hoje, na cidade da Praia, em sessão extraordinária, para decidir sobre o pedido de autorização feito pelo Presidente da República, para renovação do estado de emergência, cujo primeiro período de 20 dias termina hoje, quando o país regista 56 casos de infeção pelo novo coronavírus.
“Há uma segunda fase do combate. Uma segunda fase a vencer. Por estas razões, o Governo de Cabo Verde é favorável ao prolongamento do estado de emergência, com os fundamentos e o figurino proposto por sua excelência, o senhor Presidente da República”, anunciou Ulisses Correia e Silva, sublinhando que neste momento o foco é “salvar vidas”.
O governante acrescentou que o atual “combate é liderado pelo Governo, que cria as condições”, mas alertou que “os principais protagonistas, os principais combatentes, são as pessoas”.
“Cada pessoa em concreto”, afirmou Correia e Silva, apelando à manutenção, nesta fase, do confinamento em casa, do distanciamento social e das medidas de proteção individual, sublinhando que não é tempo para “baixar a guarda, pelo contrário”.
O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, anunciou na quinta-feira que iria pedir ao parlamento a prorrogação do estado de emergência em todo o arquipélago, declarada desde 29 de março devido à pandemia de covid-19, mas diferenciada entre ilhas.
“Decidi, entendi por bem, prorrogar o estado de emergência em todo o território nacional, pelo que já solicitei a necessária autorização da Assembleia Nacional”, revelou o chefe de Estado, explicando que nas ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, o estado de emergência será prorrogado até às 24:00 de 02 de maio.
Nas restantes seis ilhas habitadas e sem casos diagnosticados de covid-19, a prorrogação do estado de emergência será mais curto, até às 24:00 de 26 de abril.
O Presidente cabo-verdiano admitiu que ponderou levantar o estado de emergência nas ilhas sem casos de infeção pelo novo coronavírus, tendo sido convencido com argumentos sanitários para o prorrogar, mas as novas restrições podem não ser iguais para todas.
“O Governo pode calibrar as medidas. O Governo pode avaliar as medidas em concreto (…) e pode ter em conta a situação particular de cada ilha. Não é obrigatório, no quadro do decreto de estado de emergência, que as restrições sejam exatamente as mesmas para a Boa Vista (51 casos) ou para a Brava (sem qualquer caso)”, explicou.
O país regista atualmente 56 casos de covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (51), Santiago (04) e São Vicente (01). Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, na ilha da Boa Vista, terminou na morte do turista inglês, de 62 anos.
Cabo Verde cumpre hoje 20 dias de estado de emergência para conter a pandemia provocada pelo novo coronavírus, com a população obrigada ao dever geral de recolhimento, com limitações aos movimentos, empresas não essenciais e escolas fechadas, bem como todas as ligações interilhas e para o exterior suspensas.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África é de pelo menos 965, com mais de 18 mil casos registados em 52 países, de acordo com a mais recente atualização dos dados da pandemia no continente.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 145 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.