A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse hoje que não escondeu nada aos Estados Unidos, depois de ter sido acusada pelo Governo norte-americano de má gestão no combate à pandemia de covid-19.
“Nada foi escondido aos Estados Unidos, desde o primeiro dia”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Na semana passada, o Presidente dos EUA, Donald Trump, acusou a OMS de ter ocultado dados relevantes, no início da epidemia, servindo os interesses da China, epicentro da crise sanitária, tendo decidido suspender o financiamento norte-americano a esta agência subordinada à Organização das Nações Unidas.
“Lançámos o alerta desde o primeiro dia”, disse Ghebreyesus, numa conferência de imprensa, onde apareceu ao lado de Michael Ryan, diretor de programas de emergência da OMS.
Ryan disse ainda que a OMS teve a trabalhar consigo 15 representantes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, na sede em Genebra, a ajudar no plano de resposta à pandemia de covid-19.
Os responsáveis da OMS defenderam a sua estratégia de combate ao surto, dizendo que o facto de os elementos do CDC terem colaborado lhes deu “uma vantagem adicional”, na compreensão do avanço da epidemia, respondendo assim às críticas de que a organização sanitária estava a beneficiar a China.
“Não há segredos na OMS. Porque manter informações secretas ou confidenciais é perigoso. Não há segredos na OMS”, repetiu Ghbreyesus, que pediu “solidariedade global”, assegurando que não há razões para “temer a pandemia”.
“Sem unidade nacional e solidariedade global, posso garantir que nos espera o pior. Portanto, evitemos essa tragédia”, disse o diretor-geral da OMS.
O Governo norte-americano também lamentou que a sua decisão de encerramento de fronteiras tenha recebido “forte resistência” da OMS, que, na perspetiva de Washington, “continuou a saudar a estratégia dos líderes chineses”.
Os Estados Unidos acusaram ainda a organização de negligenciar informações sobre uma possível transmissão do novo coronavírus entre humanos, que tinham chegado de Taiwan, no final de dezembro de 2019.
Mas os responsáveis da OMS voltaram a negar o recebimento dessas informações de Taiwan, que perdeu o estatuto de observador junto da agência da ONU, desde 2016.
“Taiwan não notificou dados sobre transmissão de humano para humano. Eles apenas nos pediram esclarecimentos, assim como o fizeram outras entidades”, disse Tedros Ghebreyesus, referindo-se a uma mensagem de correio eletrónico enviado à OMS, em 31 de dezembro de 2019.
“Na mensagem, Taiwan pretendia obter esclarecimentos (…) com base no relatório vindo da China”, esclareceu o responsável da OMS.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram entretanto a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria ou Espanha, a aliviar algumas das medidas.