O Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) afirmou hoje esperar que, «se tudo correr bem», se resolvam «até ao final do ano» os problemas salariais, em particular das praças, para tornar a vida militar mais atrativa.
O tema da audição de hoje do almirante Silva Ribeiro na comissão parlamentar de Defesa Nacional era a participação das forças armadas no combate à covid-19, em curso, mas parte da discussão centrou-se no problema da perda de efetivos nos últimos anos.
Em resposta a uma pergunta do deputado do PCP António Filipe, o próprio chefe militar deu números, como a perda de 1.000 efetivos anualmente, e alertou: “Precisamos de fazer subir os efetivos para os 30 mil homens. Precisamos e temos que criar atratividade nas Forças Armadas.”
Recordou que a instituição apresentou propostas ao Governo, em estudo, e que a crise da pandemia atrasou o processo.
O CEMGFA colocou a ênfase nas diferenças salariais entre uma praça nas forças armadas, que recebe 740 euros, ou na GNR, que ganha 1.200 euros.
“São 400 euros de diferença. Quem é que vem para as forças armadas? Esta falta de equilíbrio entre vencimentos já está a ser tratada. O senhor primeiro-ministro já deu ordem para se resolver. Só que isto apanhou-nos nesta crise”, afirmou.
“Se isto tudo correr bem, nós até ao fim do ano resolvemos esses problemas”, rematou, numa referência ao problema das diferenças slariais e ao conjunto das medidas em curso para tornar a carreira militar mais atrativa.
O almirante Silva Ribeiro admitiu os problemas com o recrutamento, dizendo que atualmente são “cerca de 25 mil” efetivos, abaixo dos 30 mil a 32 mil que legalmente é admitido.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 170 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, que vive em estado de emergência desde 19 de março, morreram 762 pessoas das 21.379 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.