O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que as aulas na televisão e na rádio devido à pandemia da covid-19 é «um bom investimento» e um projeto que «deve ficar para o futuro».
O chefe do Governo cabo-verdiano lançou o repto no final de uma visita aos estúdios de gravação do programa educativo "Aprender e estudar em casa", alternativo ao encerramento das escolas cabo-verdianas desde 20 de março, para impedir a transmissão de covid-19 no arquipélago.
Sem ter ainda os custos do projeto, Ulisses Correia e Silva disse que se trata de um "bom investimento" e que "deve ficar para o futuro", por ser um instrumento de apoio ao ensino muito bom e que democratiza a qualidade.
Para o chefe do Governo, a prioridade é chegar via televisão e via rádio a todos os alunos, mas salientou que a internet é também mais um instrumento de acesso.
"Os parceiros, quer a Cabo Verde Telecom, quer a Unitel T+, que são as concessionárias da gestão de telecomunicações e de internet, podem facilitar o acesso a custo que seja muito reduzido", salientou Correia e Silva.
"O objetivo é fazer chegar uma informação e um ensino de qualidade às casas a custo reduzido, ou a custo zero, se for possível", insistiu o primeiro-ministro, depois de ver todo o cenário onde será desenvolvido o projeto.
As aulas do primeiro ciclo (1.º ao 4.º anos) arrancam em 27 de abril, enquanto no ensino secundário começam uma semana depois, segundo informações divulgadas pelo ministério da Educação.
As aulas estão em fase de gravação, por duas operadoras de televisão no país, em parceria com professores cabo-verdianos, num total de seis aulas que vão ser transmitidas por dia.
Durante a apresentação, foi avançado ainda que vai existir uma técnica a fazer a linguagem gestual em tempo real, para os alunos surdos no país, bem como que os conteúdos serão adaptados às rádios e redes sociais.
Em Cabo Verde, estão matriculados para o ano letivo 2019-2020 um total de 12 mil crianças na educação pré-escolar, 114.883 na educação escolar pública, sendo 83.499 no ensino básico obrigatório (1.º ao 8.º ano) e 30.096 no ensino secundário (9.º ao 12.º ano).
O Ministério da Educação explicou que desenvolveu este programa para que os estudantes possam manter o vínculo com o meio educativo e o contacto com os docentes e os conteúdos de ensino-aprendizagem, enquanto estão em casa por causa das restrições impostas para evitar a propagação do novo coronavírus.
Um outro cenário é, após o levantamento do estado de emergência, prever aulas presenciais nas ilhas com baixo risco epidemiológico de propagação da covid-19, conforme parecer da Comissão Técnica do Ministério da Saúde, e com o cumprimento das normas de distanciamento social e de higienização asseguradas pela gestão das escolas.
O plano prevê a produção de 620 conteúdos em tele e rádio aulas, de 20 minutos cada, abrangendo o 1.º ao 12.º anos, de forma gradual, que serão transmitidos através dos canais de Televisão: TCV e canais da Green Studio, no canal aberto e na ZAP e na rádio: Radio Educativa, RCV e Rádios Comunitárias.
Numa nota, o Ministério da Educação notou que nem todos os agregados familiares podem ter acesso aos instrumentos que permitam aos educandos ter contacto com estes materiais, explicando que está em curso, por parte dos docentes, a elaboração de materiais em papel, fichas de exercícios que as escolas farão chegar aos alunos, "para que ninguém fique para trás".
Cabo Verde regista 68 casos positivos de covid-19, sendo 52 na ilha da Boa Vista, 15 em Santiago e um em São Vicente.
Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença, enquanto o primeiro caso no país e na ilha da Boa Vista, um cidadão inglês, de 62 anos, acabou por falecer.
Além disso, outros dois turistas estrangeiros que estavam na Boa Vista, com covid-19 diagnosticada, regressaram ainda em março aos países de origem (Inglaterra e Países Baixos), pelo que permanecem ativos no país 64 casos.
O país iniciou no sábado um segundo período de estado de emergência, válido até 02 de maio nas ilhas com casos de covid-19 diagnosticados e até 26 de abril nas restantes.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 174 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.