O movimento total de passageiros nos portos cabo-verdianos aumentou 21,3% no primeiro trimestre do ano, chegando a quase 290 mil, mas só em março já perderam 13% devido à suspensão das ligações interilhas, para conter a covid-19.
De acordo com relatórios estatísticos empresa pública Enapor – Portos de Cabo Verde, consultados hoje pela Lusa, os nove portos do país registaram um movimento de 77.539 passageiros (embarque e desembarque) em março, uma quebra de 20,5% face ao mês anterior e de 13% por comparação com o mesmo período de 2019.
No mesmo mês, foram movimentados 646 navios, menos 3% face a fevereiro e uma quebra de 8,9%, tendo em conta o registo de março de 2019.
Desde março - primeiro caso da doença confirmado em 19 de março - que estão suspensas as ligações aéreas e marítimas entre as ilhas de Cabo Verde, no âmbito do estado de emergência em vigor, para conter a pandemia de covid-19 no arquipélago, sendo apenas permitido o desembarque de navios de carga.
Cabo Verde regista atualmente 68 casos de covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (52), Santiago (15) e São Vicente (01). Um dos casos da Praia (Santiago) já foi considerado como recuperado da doença e o primeiro caso do país, confirmado em 19 de março, na ilha da Boa Vista, terminou na morte de um turista inglês, de 62 anos.
Além disso, outros dois turistas estrangeiros que estavam na Boa Vista, com covid-19 diagnosticado, regressam ainda em março aos países de origem (Inglaterra e Países Baixos), pelo que permanecem ativos no país 64 casos, todos em situação considerada estável.
Ainda assim, no total do primeiro trimestre do ano, manteve-se a tendência de crescimento do movimento de passageiros nos portos do país, que se verifica desde a introdução da nova concessão de transporte marítimo entre ilhas, assegurado desde agosto pela CV Interilhas, empresa liderada pela portuguesa transinsular.
No total do trimestre, os relatórios estatísticos da Enapor apontam para o transporte de 289.799 passageiros (embarque e desembarque), um crescimento de 21,3% em termos homólogos. Já o movimento desceu 2,1%, para 1.964 navios no total do trimestre face ao mesmo período de 2019.
Desde sábado que está em vigor um segundo período de estado de emergência em Cabo Verde, decretado pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, mantendo-se suspensas as ligações interilhas, sem ser conhecido qualquer prazo para revogação da medida. A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente, todas com casos de covid-19, que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio. Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados de covid-19, a prorrogação do estado de emergência é mais curto, até às 24:00 de 26 de abril.
O movimento de passageiros nos nove portos de Cabo Verde cresceu quase 9% em 2019, ultrapassando pela primeira vez a marca de um milhão de passageiros transportados (1.069.642), segundo dados da Enapor noticiados anteriormente pela Lusa.
A esse crescimento de 2018 para 2019 soma-se o aumento de 10,2% no ano anterior.
Estes dados juntam no movimento de passageiros entre ilhas, tráfego de cabotagem e de navios de cruzeiro.
A Lusa noticiou em 10 de janeiro que a CV Interilhas, liderada pelo grupo português Transinsular, transportou 220.000 passageiros nos primeiros cerca de quatro meses de concessão dos transportes marítimos em Cabo Verde, um aumento homólogo de 25%.
Em comunicado, a empresa cabo-verdiana que tem a concessão por 20 anos dos transportes marítimos de passageiros, veículos e carga nas ligações entre as ilhas de Cabo Verde, após concurso público internacional lançado pelo Governo em 2018, referia que os números até 31 de dezembro último “são encorajadores”.
Segundo a CV Interilhas, os navios ao serviço da empresa transportaram naquele período, em 1.800 viagens, além de cerca de 220.000 passageiros e 57.000 toneladas de carga, incluindo 18.000 viaturas.
A CV Interilhas é detida em 51% pela Transinsular, do grupo português ETE, enquanto os 49% pertencem a armadores cabo-verdianos, que fornecem os navios para estas ligações entre ilhas e que antes operavam de forma independente nas ligações entre ilhas.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 170 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.