A União Europeia (UE) contribuiu hoje com 34,3 milhões de euros para um fundo conjunto de vários parceiros para ajudar Moçambique a recuperar dos ciclones Idai e Kenneth de 2019, anunciou hoje em comunicado.
O apoio foi formalizado através da assinatura de um acordo entre a UE e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O fundo intitula-se Mecanismo de Recuperação em Moçambique, foi criado em agosto de 2019 e é gerido pelas Nações Unidas em parceria com o Governo de Moçambique por um período de cinco anos.
O fundo apoia a reabilitação de infraestruturas comunitárias e públicas e a promoção de oportunidades económicas e meios de subsistência para a população afetada, com especial atenção às mulheres e outros grupos vulneráveis.
O apoio da UE “fornece uma base sólida para a recuperação sustentável das comunidades mais afetadas pelos ciclones e fará uma grande diferença na vida das pessoas", referiu hoje o representante-adjunto do PNUD, Francisco Roquette, durante a assinatura do acordo.
"Estes são tempos excecionais para o mundo devido à crise da covid-19. O PNUD e seus parceiros farão todos os esforços para garantir que esta e outras iniciativas também respondam a esta crise”, acrescentou.
"O nosso objetivo é reconstruir melhor, dando enfoque às infraestruturas resilientes e promover oportunidades económicas para o desenvolvimento sustentável nas áreas afetadas", acrescentou o embaixador da UE em Moçambique, António Gaspar.
O Mecanismo de Recuperação foi criado pelo PNUD com um orçamento de 72,2 milhões de dólares (66,5 milhões de euros), contando, além da União Europeia (maior contribuinte), com parceiros de financiamento como o Canadá, China, Índia, Finlândia, Países Baixos e Noruega.
O dinheiro é usado pelos parceiros em intervenções nas províncias diretamente afetadas pelos ciclones, Sofala e Cabo Delgado, e deverá estender as suas atividades às províncias de Inhambane, Manica, Nampula, Tete e Zambézia.
Até agora, o fundo já serviu para mais de 103.000 famílias beneficiarem de emprego temporário - na reabilitação de bens comunitários ou plantação de árvores, entre outras ações -, para formação de pedreiros em técnicas de construção resiliente e apoio a pequenos negócios de empreendedores.
Foi ainda reabilitado o sistema de drenagem da cidade da Beira e funcionários do município foram treinados e equipados para recolha e tratamento seguro de resíduos de baixo risco em conteúdo de amianto.
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas de dois ciclones (Idai e Kenneth) que se abateram sobre Moçambique.
O ciclone Idai atingiu o cento de Moçambique em março, provocou 603 mortos e a cidade da Beira, uma das principais do país, foi severamente afetada.
O ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matou 45 pessoas.