Um inquérito e posterior acompanhamento pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) a mais de 850 emigrantes moçambicanos que voltaram em março da África do Sul apurou que não há casos de infeção por covid-19 entre os entrevistados.
De acordo com um comunicado da OIM, o número de inquiridos faz parte de um universo de mais de 14 mil emigrantes moçambicanos que regressaram da África do Sul no final de março, na sequência do estado de emergência imposto devido à pandemia da covid-19.
Os resultados do inquérito revelam ainda que também não foram detetados casos suspeitos em mais de 4.100 familiares dos emigrantes inquiridos.
A OIM adianta que o levantamento foi feito por telefone a cada um dos 850 emigrantes e aos seus familiares.
As pessoas ouvidas vivem em comunidades das províncias de Maputo, Gaza e Inhambane, Sul, a região que mais migrantes moçambicanos envia para a África do Sul, principalmente para as minas.
"Este inquérito tem um impacto positivo, porque nos ajuda a proteger os migrantes e as suas famílias da covid-19", afirmou o supervisor de campo da OIM em Inhambane, no âmbito da luta contra a covid-19, André Chambal.
O trabalho no quadro do combate à covid-19 permite a listagem e mapeamento dos emigrantes regressados, que podem telefonar para os inquiridores, quando têm sintomas da doença, disse Chambal.
O conhecimento da saúde dos emigrantes moçambicanos na África do Sul é importante, uma vez que o seu regresso ao país gerou receios de uma propagação da doença, tendo em conta que aquele país regista o maior índice de infeções no continente africano.
A rede de pessoal da saúde da OIM tem disseminado mensagens sobre a necessidade de prevenção e quarentena no seio dos trabalhadores retornados.
O trabalho da OIM no âmbito do combate à pandemia da covid-19 junto dos migrantes das comunidades do Sul de Moçambique conta com o apoio de organismos da União Europeia (UE).
Para a identificação dos migrantes, aquela agência das Nações Unidas recorre aos seus próprios registos dos mineiros de Moçambique na África do Sul, dados das autoridades de saúde, líderes comunitários e curandeiros.
A OIM assinala que a preocupação com Moçambique é elevada, tendo em conta um quadro sanitário caracterizado pela prevalência de doenças como Sida, tuberculose e hipertensão e pela alta incidência da desnutrição.
Moçambique conta oficialmente 41 casos de covid-19, desde o registo do primeiro a 22 de março.
O número de mortos provocados pela covid-19 em África subiu para 1.242 nas últimas horas, com quase 26 mil casos registados da doença em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.