O Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, notou "incertezas" nas três ilhas com casos positivos do novo coronavírus, mas apontou a possibilidade de redução das medidas restritivas nas seis ilhas habitadas sem qualquer caso da doença.
Em declarações à imprensa, na cidade da Praia, no final de uma reunião com o Governo para avaliação do estado de emergência em vigor, o chefe de Estado cabo-verdiano disse, porém, que há coisas que vão manter-se, como a interdição de praias, discotecas e restaurantes, com algumas restrições.
Cabo Verde conta atualmente com 82 casos da covid-19, distribuídos pelas ilhas da Boa Vista (52), de Santiago (29) e de São Vicente (1).
Desde sábado que está em vigor um segundo período de estado de emergência, mantendo-se suspensas as ligações interilhas e a obrigação geral de confinamento, além da proibição de voos internacionais.
No primeiro período de estado de emergência, de 20 dias, estava prevista a possibilidade - e foram realizados vários – de voos de repatriamento de cidadãos estrangeiros retidos nas ilhas cabo-verdianas, nomeadamente de turistas ingleses, portugueses, norte-americanos e brasileiros.
A declaração do atual estado de emergência prevê para as ilhas da Boa Vista, Santiago e São Vicente que permaneça em vigor até às 24:00 de 02 de maio. Nas restantes seis ilhas habitadas, sem casos diagnosticados de covid-19, o estado de emergência é até às 24:00 de domingo.
Nas ilhas com casos positivos, Jorge Carlos Fonseca disse que ainda há "incertezas", pelo que será feita uma avaliação nos próximos dias, para se ter uma "ideia mais clara" sobre o pós 02 de maio.
Nas restantes ilhas - Santo Antão, São Nicolau, Sal, Maio, Fogo e Brava - notou que a situação continua diferente, mas lembrou que ainda faltam três dias e algumas horas.
"Mas se tudo continuar nesta perspetiva positiva, pode prever-se um cenário de saída progressiva, gradual, dessa situação de emergência, mas, evidentemente, se existe essa possibilidade, ainda vamos ter de esperar os dias que restam para se ter uma visão mais segura e mais definitiva", referiu Jorge Carlos Fonseca.
Nessas ilhas, o Presidente disse que há "possibilidade" de redução das medidas, nomeadamente as de recolhimento obrigatório ou de proibição de circulação.
"(...) Mesmo com essa possibilidade, as pessoas devem permanecer em casa sempre que possível, mas poderá haver uma saída gradual de circulação nas ruas, de funcionamento dos serviços públicos e privados", sustentou.
Na reunião de informação sobre a situação sanitária e epidemiológica neste momento nas diferentes ilhas do país, Jorge Carlos Fonseca disse que ficou a ideia de que se deve reforçar as medidas em vigor, de recolhimento domiciliar e distanciamento social.
"Temos de reforçar também a ideia junto das pessoas de que o nível de confinamento deve ser reforçado. Se já tivemos 75%, 80% [das pessoas em confinamento], devemos reforçar isso e as pessoas terem a ideia de que estar em casa, ter distanciamento social, é uma medida de proteção social dos seus entes queridos, dos seus familiares, da sua comunidade, do seu bairro, da sua ilha e do país. É defender o país. Não se pode ter a ideia de que ficar em casa é uma espécie de favor que está a fazer ao Governo, ao Estado, não pode ser", apelou o chefe de Estado cabo-verdiano.
Um destes casos positivos foi um turista inglês de 62 anos - o primeiro diagnosticado com a doença no país, em 19 de março -, acabou por morrer na Boa Vista, enquanto outro dos doentes, na cidade da Praia, já foi dado como recuperado.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou perto de 184 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.