Saído diretamente da sessão solene do 25 de Abril no parlamento, o Presidente da República juntou-se hoje às Forças Armadas e ajudou na distribuição de refeições a quem mais precisa em dois pontos de Lisboa.
À indumentária que usou na Assembleia da República de manhã, Marcelo Rebelo de Sousa juntou apenas um par de luvas e uma máscara e pôs “mãos à obra” na distribuição dos sacos que continham as refeições preparadas pela Câmara de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia e cuja logística de entrega é da responsabilidade da Marinha e do Exército.
O primeiro ponto foi o Cais do Gás, junto ao Cais do Sodré, em Lisboa, onde o Presidente da República se reuniu ao ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, à secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes, Catarina Sarmento Castro, e ao secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, na distribuição das refeições às pessoas que se encontravam em fila junto ao camião da Marinha.
Os habituais beijos e abraços anteriores à pandemia tiveram de ser substituídos por um encosto de cotovelos e apesar de não ter havido as habituais ‘selfies’, algumas pessoas quiseram tirar fotografias a Marcelo Rebelo de Sousa, que ouviu inúmeros “obrigado”.
O chefe de Estado reconheceu alguns dos sem-abrigo que por ali passaram para recolher a sua refeição – “eu conheço-o, eu conheço-o”, foi dizendo –, mas acabou mesmo por ser surpreendido por um arrumador de carros: “senhor Marcelo, já não se lembra de mim? Arrumei-o há 25 anos na [rua] António Maria Cardoso. Tinha um A3”.
“Têm de me arranjar uma vara para pescar. Não quero o vosso peixe”, pediu um antigo empregado de mesa e bar ao Presidente da República, depois de recolher a sua refeição.
Refeições entregues e a comitiva seguiu para um segundo ponto, desta vez em frente à estação de Santa Apolónia, onde a responsabilidade da logística é do Exército.
“O senhor ministro da Defesa Nacional foi muito gentil e convidou-me para aqui vir a uma atividade que já dura há muito tempo [desde 28 de março], que é uma das atividades notáveis das Forças Armadas ao serviço da sociedade portuguesa e aqui dos que mais precisam”, disse, no final, Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.
O chefe de Estado destacou que recorrem a esta ajuda “sem-abrigo e pessoas pobres que vêm das suas casas buscar alimentação, em vários pontos da cidade”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa esta distribuição de refeições mostra “um sem número de exemplos como as Forças Armadas têm servido Portugal nesta crise”.
Por seu lado, João Gomes Cravinho explicou que as Forças Armadas estão “a dar um apoio excecional na distribuição de alimentos” porque “houve um aumento do número da procura de pessoas que precisam de ser apoiadas com alimentação” e, ao mesmo tempo, “uma diminuição dos apoios porque algumas das instituições que davam esse apoio já não têm capacidade de o fazer”.
“Nestas circunstâncias é natural que as Forças Armadas tenham dado o apoio fundamental para que não falte comida às pessoas” apontou.