A carga viral do novo coronavirus pode manter-se por cerca de 40 dias, justificando a necessidade de testar os passageiros que chegaram a Angola provenientes de Portugal entre 17 e 21 de março e que ainda não tiveram alta epidemiológica.
A informação foi veiculada à Lusa pelo oficial de emergência da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola, explicando que o passo anunciado pelas autoridades sanitárias angolanas na terça-feira “é muito importante” e segue as orientações internacionais.
“A OMS orienta a testagem em massa, tanto dos passageiros como da comunidade”, disse Walter Firmino, explicando que até agora foram testados os contactos diretos dos passageiros provenientes desses voos e cujos resultados foram positivos, durante o período de 14 dias da quarentena.
Na terça-feira, o secretário de Estado para a Saúde Pública angolano, Franco Mufinda, anunciou que as autoridades sanitárias vão recolher amostras de todos os passageiros provenientes de Lisboa entre 17 e 19 de março.
“Este segundo passo do MINSA (Ministério da Saúde) é muito importante. O que se está a fazer agora é expandir [a base de amostragem], tentar descartar se há mais pessoas afetadas”, indicou Walter Firmino, explicando que as pessoas podem estar assintomáticas e ter sido contaminadas pelo vírus, podendo transmiti-lo para além dos 14 dias definidos para quarentena.
“O período de incubação é de 14 dias e durante esse período a pessoa pode desenvolver ou não a doença, mas uma pessoa assintomática pode ter a carga viral durante mais ou menos 40 dias e pode transmitir o vírus”, adiantou o epidemiologista
Por isso, “as pessoas só têm alta de quarentena depois de serem testadas”.
Segundo o especialista, no caso de o teste ser positivo “as pessoas são automaticamente encaminhadas para centro de tratamento”.
Quem estiver de quarentena e assintomático não tem alta epidemiológica antes de fazer um novo teste, pelo que os passageiros dos voos continuam em quarentena domiciliar e o MINSA “vai fazer os testes para confirmar se são portadores ou não”.
Esta quarta-feira inicia-se a colheita de amostras para os passageiros de dois voos Lisboa-Luanda, em 17 de março, no Hospital Américo Boavida e na Escola Nacional de Saúde Publica (ENSP).
Na quinta-feira serão testados passageiros de mais um voo Lisboa-Luanda em 17 de março, no Hospital Américo Boavida, e de passageiros provenientes de Lisboa em 18 de março na ENSP.
Na sexta-feira serão colhidas amostras de outro voo de 18 março e de um voo de 19 de março, ambos provenientes de Lisboa,
No sábado deverão ser feitas colheitas dos passageiros do voo Porto-Luanda de 21 de março.
Todos os voos incluídos neste processo foram operados pela transportadora angolana TAAG.
Angola mantém neste momento 27 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, num total de 2.312 amostras recolhidas com sete pacientes recuperados, 18 ativos, e dois óbitos, sem novos casos diagnosticados nas últimas 24 horas.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 217 mil mortos e infetou mais de 3,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Perto de 860 mil doentes foram considerados curados.
O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.521 nas últimas horas, com quase 35 mil casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, Guiné Equatorial lidera em número de infeções (315) e uma morte, seguido de Cabo Verde (113 e uma morte), Moçambique (76), Guiné-Bissau (78 e uma morte), Angola (27 infetados e dois mortos) e São Tomé e Príncipe tem 11 casos confirmados.