A empresa mineira Vale reduziu o ritmo de produção de carvão em Moçambique, porque «a mina e o porto atingiram os limites de armazenamento» devido à queda de procura provocada pelo novo coronavírus, anunciou hoje a empresa.
A informação surge num comunicado sobre a atividade do primeiro trimestre deste ano, em que o impacto da pandemia de covid-19 ainda foi limitado.
A empresa registou no período a nível global um prejuízo de 238 mil milhões de dólares, quase o dobro do registo homólogo de 2019, "influenciado principalmente pela diminuição do volume de vendas e aumento de custos operacionais", lê-se em comunicado.
No caso de Moçambique, a produção de carvão em Moatize, província de Tete, foi de dois milhões de toneladas métricas, 4,6% superior à do último trimestre de 2019, atingindo em março 918.000 toneladas métricas devido "ao melhor desempenho" da mina e respetiva unidade de processamento.
A produção conseguiu sobrepor-se às dificuldades impostas pelos efeitos atmosféricos do primeiro trimestre, notou a Vale, numa alusão a chuvas intensas e cheias no interior de Moçambique.
Ainda assim, a produção regista uma queda de 11,3% quando comparada com o primeiro trimestre de 2019.
"Com base na produção do primeiro trimestre, a projeção anual fica em torno de oito milhões de toneladas métricas, sem considerar os impactos da covid-19 que ainda não podemos prever devido às incertezas", referiu a nota.
Por outro lado, o plano de produção "continua condicionado à atribuição de licenças na secção 2b", acrescentou a empresa.
Seja como for, a Vale anunciou que não foi possível manter o ritmo de produção em abril, "uma vez que a mina e o porto atingiram os limites das suas capacidades de armazenamento devido à menor demanda por carvão".
"Devido às incertezas decorrentes da pandemia do novo coronavírus", que incluem o já anunciado adiamento, sem data, da intervenção de manutenção na unidade de processamento em Moçambique, a Vale retirou a meta para a produção de carvão em 2020 "e não pode prover novo 'guidance' no momento".
Além da mina, a empresa é uma das participantes na linha ferroviária com 900 quilómetros que leva o carvão desde a província de Tete, no Centro do país, para o porto de Nacala, de onde é exportado por via marítima.
O carvão é o principal produto de exportação de Moçambique.
O país regista 76 casos de infeção pelo novo coronavírus, sem registo de mortes.
Moçambique está em estado de emergência desde 01 de abril e até final de maio para conter a propagação: as escolas, espaços de diversão e lazer estão encerrados e está proibido todo o tipo de eventos e de aglomerações.
As autoridades recomendam a toda a população que fique em casa, se não tiver motivos de trabalho ou outros essenciais para tratar.
Durante o mesmo período, há obrigatoriedade do uso de máscaras faciais nos transportes, mercados e outras aglomerações e está suspensa a emissão de vistos de entrada no país.