O Banco Central Europeu (BCE) prevê que a economia da zona euro possa recuar entre «5 e 12%» este ano, reflexo da «grande incerteza» quanto ao impacto económico da pandemia de covid-19, afirmou hoje Christine Lagarde.
Após a reunião de política monetária realizada hoje, a presidente do BCE afirmou, numa videoconferência de imprensa, que a economia da zona euro enfrenta "uma contração com uma magnitude e velocidade sem precedentes em tempos de paz".
A esta violenta recessão deve seguir-se uma recuperação, se as medidas de confinamento adotadas para travar a pandemia forem progressivamente levantadas, mas há ainda bastantes incertezas, acrescentou Lagarde.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro registou um recuo de 3,8%, de acordo com os dados do Eurostat divulgados hoje.
"Dada a grande incerteza em torno do impacto económico [da pandemia], os cenários de crescimento do BCE sugerem que o PIB poderá cair de 5% a 12% este ano", explicou.
"A queda da atividade económica em abril sugere que o impacto será provavelmente mais severo no segundo trimestre", apontou Lagarde.
O crescimento deve normalizar nos anos seguintes, indicou, acrescentando, no entanto, que "a dimensão da retoma" depende da duração das medidas restritivas e do "sucesso das políticas destinadas a limitar o impacto nos rendimentos e no emprego".
Lagarde disse ainda que a degradação da economia deve ter "um efeito negativo" na inflação "durante os próximos meses".
O BCE decidiu hoje deixar as taxas de juro inalteradas, mas flexibilizou as condições de empréstimo aos bancos e afirmou-se disponível para aumentar o volume das compras de dívida.