O programa de emergência do Banco Central Europeu de compra suplementar de dívida para travar os efeitos da pandemia de covid-19 pode ser prolongado depois de 2020, indicou hoje a presidente do BCE, Christine Lagarde.
O dispositivo no valor de 750 mil milhões de euros, lançado para atenuar o choque económico causado pela pandemia, "continuará até que o BCE considere que a crise do coronavírus passou e, de qualquer forma, mantém-se sempre até ao fim do ano", explicou a presidente da instituição, em declarações aos jornalistas após a reunião do Conselho de Governadores.
"O programa de compra de ativos de emergência devido à pandemia (PEPP) é o melhor mecanismo de que dispomos" para contrariar o choque económico, afirmou a líder do BCE.
Neste contexto, o BCE está pronto para rever "a composição do PEPP - ou seja, a distribuição das compras de dívida pública ou privada - a dimensão das aquisições e a sua duração enquanto for necessário", refere o comunicado divulgado após a reunião.
A instituição liderada por Christine Lagarde tinha já decidido flexibilizar o quadro de aplicação do programa, afastando o limite que impedia a compra de mais de um terço da dívida emitida por um país, restrição que não se aplica no PEPP, podendo focar as aquisições em países mais afetados pela pandemia, como Itália.
O programa de emergência é apenas uma parte dos instrumentos a que o BCE recorreu para enfrentar a crise, tendo estes "um alcance de mais de um bilião de euros", salientou Lagarde.
A instituição monetária vai também gastar 120 mil milhões de euros suplementares até dezembro no âmbito do programa de compra de ativos que esteve em vigor entre março de 2015 e finais de 2018 e foi relançado em novembro passado.
O BCE decidiu hoje deixar as taxas de juro inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento a permanecer em 0%, mas flexibilizou as condições para empréstimos aos bancos.