A Comissão Europeia prevê uma contração «sem precedentes» de 9,4% da economia espanhola em 2020, com um impacto particularmente grande nos serviços, provocada pela aplicação de medidas de confinamento «rigorosas» em resposta ao surto da covid-19.
Nas previsões económicas de primavera divulgadas hoje, em Bruxelas, o executivo comunitário estima que o Produto Interno Bruto (PIB) deverá “recuperar de uma forma muito vigorosa” quando as restrições forem levantadas, embora de “forma desigual” entre os vários setores.
A produção perdida não será totalmente retomada dentro do horizonte da previsão feita pelos serviços da Comissão Europeia, atingindo um crescimento de 7,0% do PIB em 2021.
Segundo as estimativas da Comissão Europeia, Espanha terá a segunda maior queda do PIB no corrente ano entre os Estados-membros da União Europeia, sendo apenas ultrapassada pela Grécia (menos 9,7%), enquanto a média dos 27 será de menos 7,4% e dos países da zona euro de menos 7,7%.
A atividade no setor industrial espanhol irá recuperar mais rapidamente do que no setor dos serviços, onde se prevê que as restrições se mantenham por mais tempo, afetando em particular o comércio de retalho e as atividades relacionadas com o turismo, como os transportes, a hotelaria e a restauração.
A Comissão Europeia avisa que “as perturbações nas cadeias de valor acrescentado globais e a fraca procura podem impedir uma normalização da atividade industrial antes do final do ano”.
Por outro lado, Bruxelas considera que as medidas tomadas para limitar o aumento do desemprego e o apoio dado ao setor empresarial “irá amortecer parte” do impacto da crise.
Mesmo assim, a taxa de desemprego deverá aumentar significativamente durante o corrente ano, de 14,1% em 2019 para 18,9% em 2020, e apenas uma parte deste aumento será revertida em 2021, para 17%.
No que diz respeito às contas públicas, a Comissão Europeia prevê a queda da economia tenha um impacto “profundamente negativo” no défice orçamental, que irá evoluir de 2,8% do PIB em 2019 para 10,1% em 2020 e 6,7% em 2021.
Bruxelas explica que a contração nos setores onde o Estado arrecada os impostos deverá conduzir a uma “queda significativa” das receitas, enquanto o aumento do desemprego e a utilização esquemas de ajuda ao emprego deverão resultar em grandes aumentos das transferências sociais.
Devido ao elevado défice orçamental e à grande contração do PIB, o rácio da dívida pública em relação ao PIB deverá aumentar cerca de 20 pontos percentuais, de 95,5% em 2019 para 115,6% em 2020, antes de descer para 113,7% em 2021.
Espanha é um dos países mais atingidos pela pandemia da covid-19 que, a nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (71.022) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,2 milhões).
Seguem-se o Reino Unido (29.427 mortos, perto de 200 mil casos) Itália (29.315 mortos, mais de 213 mil casos), Espanha (25.613 mortos, mais de 219 mil casos) e França (25.531 mortos, mais de 170 mil casos).